As pragas do Egito
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Senhor nosso Deus a abominação dos egípcios; eis que se sacrifi-
cássemos a abominação dos egípcios perante os seus olhos, não nos
apedrejariam eles?” Os animais que os hebreus deviam sacrificar,
estavam entre os que eram considerados sagrados pelos egípcios; e
tal era a reverência em que eram tidas essas criaturas que matar uma
delas mesmo acidentalmente, era um crime punível com a morte.
Seria impossível aos hebreus prestarem culto no Egito sem escanda-
lizar os seus senhores. Moisés novamente propôs irem caminho de
três dias ao deserto. O rei consentiu, e pediu que os servos de Deus
intercedessem para que a praga fosse removida. Prometeram fazer
isto, mas o advertiram quanto a tratar enganosamente com eles. A
praga cessou, mas o coração do rei se havia endurecido pela rebelião
persistente, e ainda recusou-se a ceder.
Seguiu-se um golpe mais terrível: peste em todo o gado do
Egito que estava nos campos. Tanto os animais sagrados como
as bestas de carga — vacas, bois e ovelhas, cavalos, camelos e
jumentos, foram destruídos. Havia sido distintamente declarado que
os hebreus seriam isentos; e Faraó, enviando mensageiros à casa dos
israelitas, constatou a veracidade de tal declaração de Moisés. “Do
gado dos filhos de Israel não morreu nenhum.” Ainda o rei se achava
obstinado.
Ordenou-se em seguida a Moisés que tomasse cinzas do forno,
e as espalhasse “para o céu diante dos olhos de Faraó”. Este ato
era profundamente significativo. Quatrocentos anos antes, mostrara
Deus a Abraão a opressão futura de Seu povo, sob a figura de uma
fornalha fumegante e uma tocha de fogo. Declarara que mandaria
juízos sobre os seus opressores, e tiraria os cativos com grande
riqueza. No Egito, Israel durante muito tempo desfalecia na fornalha
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da aflição. Este ato de Moisés era-lhes segurança de que Deus Se
lembrava de Seu concerto, e de que era vindo o tempo para o seu
livramento.
Ao ser a cinza espalhada para o céu, as minúsculas partículas
espalharam-se por toda a terra do Egito, e onde quer que caíam
produziam sarna, que arrebentava “em úlceras nos homens e no
gado”. Os sacerdotes e magos até ali haviam incentivado Faraó em
sua obstinação, mas agora viera um juízo que atingia mesmo a eles.
Acometidos de uma moléstia repugnante e dolorosa, tornando-se
seu alardeado poder apenas desprezível, não mais podiam contender