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Patriarcas e Profetas
sabedoria e bondade de Deus, pudesse seu coração encher-se de
amor e reverência para com o Criador.
No Éden, Deus estabeleceu o memorial de Sua obra da criação,
depondo a Sua bênção sobre o sétimo dia. O sábado foi confiado a
Adão, pai e representante de toda a família humana. Sua observância
deveria ser um ato de grato reconhecimento, por parte de todos os
que morassem sobre a Terra, de que Deus era seu Criador e legítimo
Soberano; de que eles eram a obra de Suas mãos, e súditos de Sua
autoridade. Assim, a instituição era inteiramente comemorativa, e
foi dada a toda a humanidade. Nada havia nela prefigurativo, ou de
aplicação restrita a qualquer povo.
Deus viu que um repouso era essencial para o homem, mesmo
no Paraíso. Ele necessitava pôr de lado seus próprios interesses e
ocupações durante um dia dos sete, para que pudesse de maneira
mais ampla contemplar as obras de Deus, e meditar em Seu poder e
bondade. Necessitava de um sábado para, de maneira mais vívida, o
fazer lembrar de Deus, e para despertar-lhe gratidão, visto que tudo
quanto desfrutava e possuía viera das benignas mãos do Criador.
Era o desígnio de Deus que o sábado encaminhasse a mente
dos homens à contemplação de Suas obras criadas. A natureza fala
aos sentidos, declarando que há um Deus vivo, Criador e supremo
Governador de tudo. “Os céus manifestam a glória de Deus e o
firmamento anuncia a obra das Suas mãos. Um dia faz declaração
a outro dia, e uma noite mostra sabedoria a outra noite”.
Salmos
19:1, 2
. A beleza que reveste a Terra é um sinal do amor de Deus.
Podemos vê-Lo nas colinas eternas, nas árvores altaneiras, no botão
que se entreabre, e nas delicadas flores. Tudo nos fala de Deus. O
sábado, apontando sempre para Aquele que tudo fez, ordena aos
homens abrirem o grande livro da natureza, e rastrear ali a sabedoria,
o poder e o amor do Criador.
Nossos primeiros pais, se bem que criados inocentes e santos,
não foram colocados fora da possibilidade de praticar o mal. Deus
os fez como entidades morais livres, capazes de apreciar a sabedoria
e benignidade de Seu caráter, e a justiça de Suas ordens, e com
ampla liberdade de prestar obediência ou recusá-la. Deviam desfru-
tar comunhão com Deus e com os santos anjos; antes, porém, que
pudessem tornar-se eternamente livres de perigo, devia ser provada
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sua fidelidade. No início mesmo da existência do homem, um em-