Página 273 - Patriarcas e Profetas (2007)

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Israel recebe a lei
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de conquista. Condena o furto e o roubo. Exige estrita integridade
nos mínimos detalhes dos negócios da vida. Veda o engano no
comércio, e requer o pagamento de débitos e salários justos. Declara
que toda a tentativa de obter-se vantagem pela ignorância, fraqueza
ou infelicidade de outrem, é registrada como fraude nos livros do
Céu.
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“Não dirás falso testemunho contra o teu próximo” (
Êxodo
20:16
) — Aqui se inclui todo falar que seja falso a respeito de
qualquer assunto, toda tentativa ou intuito de enganar nosso pró-
ximo. A intenção de enganar é o que constitui a falsidade. Por um
relance de olhos, por um movimento da mão, uma expressão do
rosto, pode-se dizer falsidade tão eficazmente como por palavras.
Todo exagero intencional, toda sugestão ou insinuação calculada a
transmitir uma impressão errônea ou desproporcionada, mesmo a
declaração de fatos feita de tal maneira que iluda, é falsidade. Este
preceito proíbe todo esforço no sentido de prejudicar a reputação de
nosso próximo, pela difamação ou suspeitas ruins, pela calúnia ou
intrigas. Mesmo a supressão intencional da verdade, pela qual pode
resultar o agravo a outrem, é uma violação do nono mandamento.
“Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do
teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem
o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo” (
Êxodo 20:17
)
— O décimo mandamento fere a própria raiz de todos os pecados,
proibindo o desejo egoísta, do qual nasce o ato pecaminoso. Aquele
que em obediência à lei de Deus se abstém de condescender mesmo
com um desejo pecaminoso daquilo que pertence a outrem, não será
culpado de um ato mau para com seus semelhantes.
Tais foram os sagrados preceitos do Decálogo, proferidos entre
trovões e chamas, e com maravilhosa manifestação de poder e ma-
jestade do grande Legislador. Deus acompanhou a proclamação de
Sua lei com mostras de Seu poder e glória, para que Seu povo nunca
se esquecesse daquela cena, e tivesse a impressão de uma profunda
veneração pelo Autor da lei, o Criador do Céu e da Terra. Desejava
mostrar também a todos os homens a santidade, a importância e a
permanência de Sua lei.
O povo de Israel estava dominado pelo pavor. O terrível po-
der da fala de Deus parecia tal que o não poderiam suportar seus
trêmulos corações. Pois, ao ser apresentada diante deles a grande