Página 371 - Patriarcas e Profetas (2007)

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No deserto
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A peregrinação pelo deserto não foi simplesmente ordenada
como um juízo sobre os rebeldes e murmuradores, mas servia à
geração que crescia, como disciplina preparatória à sua entrada na
Terra Prometida. Moisés declarou-lhes: “Como um homem castiga a
seu filho, assim te castiga o Senhor teu Deus”, “para te humilhar, e te
tentar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias os Seus
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mandamentos, ou não. E [...] te deixou ter fome, e te sustentou com
o maná, que tu não conheceste, nem teus pais o conheceram; para te
dar a entender que o homem não viverá só de pão, mas que de tudo
o que sai da boca do Senhor viverá o homem”.
Deuteronômio 8:5,
2, 3
.
“Achou-o na terra do deserto, e num ermo solitário cheio de
uivos; trouxe-o ao redor, instruiu-o, guardou-o como a menina do
Seu olho”.
Deuteronômio 32:10
. “Em toda a angústia deles foi Ele
angustiado, e o Anjo da Sua face os salvou; pelo Seu amor, e pela
sua compaixão Ele os remiu; e os tomou, e os conduziu todos os
dias da antiguidade”.
Isaías 63:9
.
Todavia, os únicos relatos de sua vida no deserto são exemplos de
rebelião contra o Senhor. Da revolta de Coré resultou a destruição de
catorze mil pessoas de Israel. E houve casos isolados que mostram
o mesmo espírito de desdém pela autoridade divina.
Uma ocasião, o filho de uma mulher israelita e um egípcio (sendo
este da mistura de gente que com Israel subira do Egito), deixou
a parte que lhe era própria no acampamento, e, entrando na dos
israelitas, pretendeu ter direito de armar sua tenda ali. Isto a lei divina
lhe vedava fazer, sendo os descendentes de um egípcio excluídos da
congregação até à terceira geração. Uma contenda surgiu entre ele
e um israelita, e a questão, sendo referida aos juízes, foi decidida
contra o transgressor.
Enraivecido com esta decisão, amaldiçoou o juiz, e no ardor de
sua paixão blasfemou do nome de Deus. Foi imediatamente levado
perante Moisés. Havia sido dada esta ordem: “Quem amaldiçoar
a seu pai ou a sua mãe, certamente morrerá” (
Êxodo 21:17
); mas
disposição alguma fora tomada para atender a este caso. Tão terrível
era o crime que foi sentida a necessidade de direção especial de Deus.
O homem foi posto em guarda até que se pudesse saber a vontade
do Senhor. Deus mesmo pronunciou a sentença; por determinação
divina o homem blasfemo foi conduzido para fora do acampamento