Página 380 - Patriarcas e Profetas (2007)

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Patriarcas e Profetas
de sua incredulidade; contudo o mesmo espírito apareceu em seus
filhos. Deixariam estes também de receber a promessa? Cansados e
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desalentados, Moisés e Arão não fizeram esforço algum para opor-
se à corrente do sentimento popular. Houvessem eles manifestado
fé inabalável em Deus, e poderiam ter posto a questão perante o
povo sob um prisma que os teria habilitado a suportar esta prova.
Mediante o exercício pronto e decisivo da autoridade a eles investida
como magistrados, poderiam ter abafado a murmuração. Tinham
o dever de fazer todo esforço possível para melhorar o estado de
coisas, antes de pedirem a Deus que fizesse por eles o trabalho. Se a
murmuração em Cades tivesse sido sustada de pronto, que cortejo
de males se poderia ter evitado!
Por seu ato precipitado, Moisés tirou a força da lição que Deus Se
propunha ensinar. A rocha, sendo um símbolo de Cristo, fora ferida
uma vez, assim como Cristo uma vez seria oferecido. A segunda
vez, era necessário apenas falar à rocha, assim como temos apenas
de pedir bênçãos em nome de Jesus. Ferindo-se pela segunda vez a
rocha, foi destruída a significação desta bela figura de Cristo.
Mais do que isto: Moisés e Arão tinham assumido poder que
apenas pertence a Deus. A necessidade de intervenção divina tornava
a ocasião de grande solenidade, e os chefes de Israel deviam tê-la
aproveitado para impressionar o povo a fim de terem reverência para
com Deus, e lhes fortalecer a fé em Seu poder e bondade. Quando
iradamente exclamaram: “
Tiraremos
água desta rocha para vós?”
(
Números 20:10
) puseram-se no lugar de Deus, como se o poder
estivesse com eles, homens possuidores de fragilidades e paixões
humanas. Cansado com a contínua murmuração e rebelião do povo,
Moisés perdera de vista o seu todo-poderoso Auxiliador; e sem a
força divina veio a macular o relato de seus feitos com uma exibição
de fraqueza humana. O homem que poderia ter permanecido puro,
firme e abnegado até o final de sua obra, fora finalmente vencido.
Deus fora desonrado perante a congregação de Israel, quando devia
ter sido engrandecido e exaltado.
Deus não pronunciou nesta ocasião juízos sobre aqueles cuja
ímpia conduta de tal maneira provocara a Moisés e Arão. Toda a
reprovação recaiu sobre os dirigentes. Os que se achavam como
os representantes de Deus não O haviam honrado. Moisés e Arão
sentiram-se ofendidos, perdendo de vista que a murmuração do povo