Página 388 - Patriarcas e Profetas (2007)

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Patriarcas e Profetas
com seu irmão, ao tirar do Egito os filhos de Israel. Sustivera as
mãos do grande líder quando as hostes hebréias davam batalha a
Amaleque. Fora-lhe permitido subir ao Monte Sinai, aproximar-se da
presença de Deus, e ver a glória divina. O Senhor conferira à família
de Arão o ofício do sacerdócio, e o honrara com a santa consagração
de sumo sacerdote. Ele o mantivera no ofício santo pelas terríveis
manifestações de juízo divino, na destruição de Coré e seu grupo.
Foi pela intercessão de Arão que a praga se deteve. Quando seus
dois filhos foram mortos por desrespeitarem o mandado expresso de
Deus, ele não se rebelou, nem mesmo murmurou. Contudo o relato
de sua nobre vida fora deslustrado. Arão cometeu grave pecado
quando se rendeu aos clamores do povo e fez o bezerro de ouro no
Sinai; e novamente, quando se uniu a Miriã na inveja e murmuração
contra Moisés. E, juntamente com Moisés ofendeu o Senhor em
Cades, desobedecendo à ordem de falar à rocha para que esta vertesse
sua água.
Era intuito de Deus que estes grandes dirigentes de Seu povo
fossem representantes de Cristo. Arão trazia sobre o peito os nomes
de Israel. Comunicava ao povo a vontade de Deus. Entrava no lugar
santíssimo no dia da expiação, “não sem sangue”, (
Hebreus 9:7
)
como mediador de todo o Israel. Saía daquela obra para abençoar
a congregação, assim como Cristo sairá para abençoar Seu povo
expectante quando Sua obra de expiação em favor do mesmo se
finalizar. Foi o caráter exaltado daquele sagrado ofício, como repre-
sentante de nosso grande Sumo Sacerdote, que tornou o pecado de
Arão em Cades de tamanha magnitude.
Com profunda tristeza Moisés removeu de Arão as santas ves-
tes, e as pôs sobre Eleazar, que assim se tornou seu sucessor por
determinação divina. Pelo seu pecado em Cades, foi proibido a Arão
o privilégio de oficiar como sumo sacerdote de Deus em Canaã —
de oferecer o primeiro sacrifício na boa terra, e assim consagrar a
herança de Israel. Moisés devia continuar em seu cargo, guiando o
povo até as bordas de Canaã. Devia ele chegar até onde poderia avis-
tar a Terra Prometida, mas ali não deveria entrar. Houvessem esses
servos de Deus, quando se achavam perante a rocha em Cades, resis-
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tido, sem murmurar, à prova que ali lhes sobreveio, quão diferente
lhes teria sido o futuro! Um mau ato jamais pode ser desfeito. Pode