Página 390 - Patriarcas e Profetas (2007)

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Patriarcas e Profetas
A morte de Arão forçosamente lembrou a Moisés que seu fim estava
próximo; mas, ainda que o tempo de sua permanência na Terra de-
vesse ser breve, sentiu profundamente a perda de seu companheiro
constante — aquele que compartilhara de suas alegrias e tristezas,
esperanças e temores, durante tantos longos anos. Moisés teria de
continuar agora o trabalho, sozinho; mas sabia que Deus era seu
amigo, e nEle se apoiou mais pesadamente.
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Logo depois de partirem do Monte Hor, os israelitas sofreram re-
vés em um combate com Harade, um dos reis cananeus. Mas, como
fervorosamente buscassem auxílio de Deus, foi-lhes concedida a
ajuda divina, e seus inimigos foram derrotados. Esta vitória, em vez
de inspirar gratidão ao povo e levá-lo a sentir sua dependência de
Deus, tornou-os jactanciosos e presunçosos. Logo caíram no velho
hábito de murmurar. Estavam agora descontentes porque aos exérci-
tos de Israel não fora permitido avançar contra Canaã imediatamente
depois de sua rebelião por motivo do relato dos espias, quase qua-
renta anos antes. Declararam ser sua longa peregrinação pelo deserto
uma demora desnecessária, raciocinando que poderiam ter vencido
seus inimigos tão facilmente outrora como então.
Continuando sua jornada em direção ao Sul, estendia-se seu iti-
nerário através de um vale quente, arenoso, destituído de sombra ou
vegetação. O caminho parecia longo e difícil, e sofriam cansaço e
sede. De novo não puderam suportar a prova de sua fé e paciência.
Ocupando-se continuamente com o lado tenebroso de suas experi-
ências, separaram-se mais e mais de Deus. Perderam de vista que,
caso não houvessem murmurado quando cessou a água em Cades,
ter-lhes-ia sido poupada a jornada em redor de Edom. Deus tivera o
propósito de melhores coisas para eles. Devia ter-se-lhes enchido de
gratidão o coração para com Ele, por haver-lhes punido de modo tão
leve o pecado. Mas, em vez disto, lisonjeavam-se de que, se Deus e
Moisés não houvessem intervindo, poderiam agora estar de posse da
Terra Prometida. Depois de trazerem sobre si dificuldades, tornando
sua sorte muito mais rigorosa do que era intuito de Deus, a Ele
atribuíram todos os seus infortúnios. Assim alimentavam amargos
pensamentos com relação ao Seu trato para com eles, e finalmente
ficaram descontentes com tudo. O Egito parecia-lhes brilhante e
mais desejável do que a liberdade, e do que a terra para a qual Deus
os estava guiando.