A jornada em redor de Edom
387
Condescendendo os israelitas com o espírito de descontenta-
mento, dispuseram-se para achar defeitos mesmo em suas bênçãos.
“E o povo falou contra Deus e contra Moisés: Por que nos fizeste
subir do Egito, para que morrêssemos neste deserto? Pois nem pão
nem água há; e a nossa alma tem fastio deste pão tão vil”.
Números
21:5
.
Moisés apresentou com fidelidade ao povo o grande pecado de-
les. Fora o poder de Deus apenas que os preservara naquele “grande
e terrível deserto de serpentes ardentes, e de escorpiões, e de secura,
em que não havia água”.
Deuteronômio 8:15
. Em cada dia das suas
viagens tinham sido guardados por um milagre da misericórdia di-
vina. Em todo o caminho, sob a guia de Deus, tinham encontrado
água para refrescar os sedentos, pão do Céu para satisfazer a fome, e
paz e segurança, debaixo da nuvem que dava sombra durante o dia,
e debaixo da coluna de fogo à noite. Anjos lhes haviam ministrado
enquanto subiam as montanhas rochosas, ou desfilavam pelas áspe-
ras sendas do deserto. Apesar das dificuldades que tinham sofrido,
[313]
nenhum havia que fosse fraco em todas as suas fileiras. Seus pés não
se haviam inchado nas longas jornadas, tampouco se lhes envelheceu
a roupa. Deus subjugara diante deles as feras rapinantes e os répteis
venenosos da floresta e do deserto. Se com todos estes sinais de
Seu amor o povo ainda continuava a queixar-se, o Senhor retiraria
Sua proteção até que fossem levados a apreciar Seu misericordioso
cuidado, e a voltar-se para Ele com arrependimento e humilhação.
Por que tivessem sido protegidos pelo poder divino, não se com-
penetraram dos incontáveis perigos de que se achavam continua-
mente rodeados. Em sua ingratidão e incredulidade, haviam dese-
jado a morte, e agora o Senhor permitiu que esta viesse para eles.
As serpentes venenosas que infestavam o deserto foram chamadas
serpentes ardentes, por causa dos terríveis efeitos produzidos por
sua mordedura, que causava inflamação violenta e morte rápida.
Removendo-se de Israel a mão protetora de Deus, grande número
de pessoas foram atacadas por esses animais venenosos.
Houve então terror e confusão por todo o acampamento. Em
quase cada tenda havia moribundos ou mortos. Ninguém estava
livre. Muitas vezes o silêncio da noite era interrompido por gritos
penetrantes que significavam novas vítimas. Todos estavam ocu-
pados em tratar dos sofredores, ou esforçando-se com um cuidado