A morte de Moisés
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a confiar em Deus, e com implícita fé confiou-se e ao povo a Seu
amor e misericórdia.
Pela última vez, Moisés achou-se na assembléia de seu povo.
Novamente o Espírito de Deus repousou sobre ele, e na linguagem
mais sublime e tocante pronunciou uma bênção sobre cada uma das
tribos, finalizando com uma bênção sobre todas elas:
“Não há outro, ó Jesurum, semelhante a Deus!
Que cavalga sobre os céus para a tua ajuda,
e com a Sua alteza sobre as mais altas nuvens.
O Deus eterno te seja por habitação,
e por baixo sejam os braços eternos;
e Ele lance o inimigo de diante de ti, e diga: Destrói-o.
Israel pois habitará só, seguro, na terra da fonte de Jacó, na terra
de grão e de mosto;
e os seus céus gotejarão orvalho.
Bem-aventurado tu, ó Israel! Quem é como tu?
um povo salvo pelo Senhor, o escudo do teu socorro”.
Deuteronômio 33:26-29.
Moisés volveu da congregação, e em silêncio pôs-se, sozinho,
a subir a encosta da montanha. Foi “ao Monte Nebo, ao cume de
Pisga”.
Deuteronômio 34:1
. Naquela solitária elevação pôs-se em
pé, e com vista clara olhou para o cenário que se espalhava diante
dele. Longe, do lado do ocidente, estendiam-se as águas azuis do
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Mar Grande; ao norte, o Monte Hermom levantava-se de encontro ao
céu; ao oriente achava-se o tabuleiro de Moabe, e para além estava
Basã, cenário da vitória de Israel; e afastado ao sul estendia-se o
deserto de suas longas peregrinações.
Na solidão, Moisés reviu sua vida de lutas e dificuldades, desde
que se retirou das honras da corte e de um reino que poderia ter em
perspectiva no Egito, a fim de lançar sua sorte com o povo escolhido
de Deus. Evocou à mente aqueles longos anos no deserto, com
os rebanhos de Jetro, o aparecimento do Anjo na sarça ardente, e
sua própria vocação para libertar Israel. Viu de novo os grandes
prodígios do poder de Deus manifestos em prol do povo escolhido,
e Sua longânima misericórdia durante os anos de sua peregrinação e