Página 434 - Patriarcas e Profetas (2007)

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Patriarcas e Profetas
rebelião. Apesar de tudo que Deus havia operado por eles, apesar das
suas próprias orações e labores, apenas dois de todos os adultos do
vasto exército que deixou o Egito, foram achados dignos de entrar
na Terra Prometida. Revendo Moisés os resultados de seus trabalhos,
sua vida de provações e sacrifícios parecia ter sido quase em vão.
Contudo não se lamentava dos encargos que havia assumido.
Sabia que sua missão e trabalho foram designados pelo próprio Deus
mesmo. Quando chamado a princípio para tirar Israel do cativeiro,
arreceou-se desta responsabilidade; mas, visto que assumira o tra-
balho, não rejeitara o encargo. Mesmo quando o Senhor propusera
desobrigá-lo, e destruir o rebelde Israel, não pôde Moisés consentir
nisso. Se bem que tivessem sido grandes as suas provações, ha-
via ele fruído sinais especiais do favor de Deus; obtivera uma rica
experiência durante a permanência no deserto, testemunhando as
manifestações do poder e glória de Deus, e tendo a comunhão de
Seu amor; entendia haver feito uma sábia decisão preferindo sofrer
aflição com o povo de Deus, a desfrutar por algum tempo o prazer
do pecado.
Olhando retrospectivamente para suas experiências como chefe
do povo de Deus, uma ação errada mareava a relação das mesmas. Se
se pudesse apagar aquela transgressão, sentia que não teria receio da
morte. Assegurou-se-lhe que o arrependimento, e a fé no sacrifício
prometido, eram tudo que Deus exigia, e de novo Moisés confessou
seu pecado, e implorou perdão em nome de Jesus.
Foi-lhe agora apresentada uma vista panorâmica da terra da
promessa. Todas as partes do território estenderam-se diante dele,
não desmaiadas e vagas à turva distância mas mostrando-se cla-
ras, distintas e belas à sua visão deleitada. Naquele quadro foi ela
apresentada, não como então se mostrava, mas como se tornaria
com a bênção de Deus, sob a posse de Israel. Parecia estar a olhar
para um segundo Éden. Havia montanhas revestidas dos cedros do
Líbano, colinas pardacentas pelos olivais, e olentes pelo perfume das
vinhas; amplas e verdes planícies a brilhar com flores, e abundantes
em frutos; aqui as palmeiras dos trópicos, ali os campos ondulantes
de trigo e cevada; vales ensolarados, melodiosos com o murmúrio
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dos regatos e o cântico dos pássaros, boas cidades e belos jardins,
lagos profusos na “abundância dos mares”, rebanhos a pascerem nas
colinas, e mesmo entre as rochas os acumulados tesouros da abelha