A morte de Moisés
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silvestre. Era na verdade uma terra como a que Moisés, inspirado
pelo Espírito de Deus, descrevera a Israel: “Bendita do Senhor [...]
com o mais excelente dos céus, com o orvalho, e com o abismo que
jaz abaixo, e com as mais excelentes novidades do Sol, [...] e com o
mais excelente dos montes antigos, [...] e com o mais excelente da
terra, e com a sua plenitude”.
Deuteronômio 33:13-16
.
Moisés viu o povo escolhido estabelecido em Canaã, estando
cada tribo em sua própria possessão. Teve uma perspectiva de sua
história depois do estabelecimento na Terra Prometida; estendeu-
se diante dele a história longa e triste de sua apostasia, e punição
desta. Viu-os, por causa de seus pecados, dispersos entre os gentios,
estando afastada a glória de Israel, em ruínas a sua bela cidade, e o
povo desta cativo em terras estranhas. Viu-os restabelecidos na terra
de seus pais, e finalmente trazidos sob o domínio de Roma.
Permitiu-se-lhe olhar através da corrente do tempo, e ver o pri-
meiro advento de nosso Salvador. Viu Jesus como uma criancinha
em Belém. Ouviu as vozes da hoste angélica romper em alegre cân-
tico de louvor a Deus e paz na Terra. Viu no céu a estrela guiando os
magos do Oriente a Jesus, e uma grande luz lhe inundou a mente ao
recordar estas palavras proféticas: “Uma estrela procederá de Jacó,
e um cetro subirá de Israel”.
Números 24:17
. Contemplou a humilde
vida de Cristo em Nazaré, Seu ministério de amor e simpatia e Suas
curas, Sua rejeição por uma nação orgulhosa e incrédula. Com es-
panto ouviu a jactanciosa exaltação da lei de Deus por parte deles, ao
mesmo tempo em que desprezavam e rejeitavam Aquele por quem a
lei foi dada. Viu Jesus sobre o Monte das Oliveiras ao despedir-Se
com prantos da cidade que Ele amava. Quando Moisés contemplou a
rejeição final daquele povo tão altamente abençoado pelo Céu, povo
por quem havia labutado, orado e se sacrificado, por amor do qual
estivera disposto a que seu próprio nome fosse riscado do livro da
vida; quando ouviu aquelas terríveis palavras: “Eis que a vossa casa
vai ficar-vos deserta” (
Mateus 23:38
), seu coração contorceu-se de
angústia, e lágrimas amargas lhe caíram dos olhos, compartilhando
da tristeza do Filho de Deus.
Seguiu o Salvador ao Getsêmani, e viu a agonia no horto, a trai-
ção, a zombaria e os açoites — e a crucifixão. Moisés viu que assim
como levantara a serpente no deserto, do mesmo modo o Filho de
Deus deveria ser levantado, para que quem quer que nEle cresse, não