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Patriarcas e Profetas
perecesse mas tivesse a vida eterna.
João 3:15
. Mágoa, indignação
e horror encheram o coração de Moisés, ao ver a hipocrisia e ódio
satânico manifestados pela nação judaica contra seu Redentor, o
poderoso Anjo que havia ido diante de seus pais. Ouviu o grito
agonizante de Cristo: “Meu Deus, Meu Deus, por que Me desam-
paraste?”
Marcos 15:34
. Viu-O jazendo no túmulo novo de José.
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As trevas da aflição sem esperanças pareciam rodear o mundo. Mas
olhou de novo, e viu-O saindo como vencedor, e subindo ao Céu
acompanhado por anjos em adoração, e levando uma multidão de
cativos. Viu as portas resplendentes abrirem-se para O receberem, e
a hoste celestial com cânticos de triunfo dar as boas-vindas ao seu
Comandante. E aí foi-lhe revelado que ele mesmo seria um dos que
serviriam ao Salvador, e abrir-Lhe-iam as portas eternas. Olhando
para aquela cena, seu rosto resplandeceu com um santo brilho. Quão
pequenas pareciam as provações e sacrifícios de sua vida, compara-
dos com os do Filho de Deus! quão leves em contraste com o “peso
eterno de glória mui excelente”!
2 Coríntios 4:17
. Regozijou-se
de que se lhe tivesse permitido, mesmo em pequena medida, ser
participante dos sofrimentos de Cristo.
Moisés contemplou os discípulos de Jesus ao saírem para levar
Seu evangelho ao mundo. Ele viu que, embora o povo de Israel
“segundo a carne” (
Romanos 9:3
) houvesse deixado de alcançar o
elevado destino a que Deus os chamara, e tivessem pela sua incre-
dulidade deixado de tornar-se a luz do mundo; embora tivessem
desprezado a misericórdia de Deus, e se despojado de suas bênçãos
como povo escolhido, viu Moisés que Deus, todavia, não rejeitara
a semente de Abraão; os gloriosos projetos que Ele empreendera
realizar por meio de Israel seriam cumpridos. Todos os que por meio
de Cristo devessem tornar-se filhos da fé, seriam contados como se-
mente de Abraão; eram herdeiros das promessas do concerto; como
Abraão eram chamados a guardar e tornar conhecidos ao mundo a
lei de Deus e o evangelho de Seu Filho. Moisés viu a luz do evange-
lho a resplandecer, por intermédio dos discípulos de Jesus, àqueles
que estavam assentados em trevas (
Mateus 4:16
), e milhares nas
terras dos gentios a arrebanhar-se sob o resplendor daquela luz que
se erguia. E, vendo, regozijou-se no crescimento e prosperidade de
Israel.