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Patriarcas e Profetas
se achava com eles, estariam em perigo de cometer idolatria com o
seu cadáver, caso soubessem o lugar de seu sepultamento. Por esta
razão foi oculto aos homens. Anjos de Deus, porém, sepultaram o
corpo de Seu fiel servo, e vigiavam a solitária sepultura.
“Nunca mais se levantou em Israel profeta algum como Moisés,
a quem o Senhor conhecera cara a cara; nem semelhante em todos
os sinais e maravilhas, que o Senhor enviou para fazer [...] em toda a
mão forte, e em todo o espanto grande, que obrou Moisés aos olhos
de todo o Israel”.
Deuteronômio 34:10-12
.
Não houvesse a vida de Moisés sido maculada por aquele único
pecado, deixando de dar a Deus a glória de tirar água da rocha, em
Cades, e teria entrado na Terra Prometida, e seria trasladado para
o Céu sem ver a morte. Mas não ficou muito tempo no túmulo. O
próprio Cristo, com os anjos que sepultaram a Moisés, desceu do
Céu para chamar o santo que dormia. Satanás exultara com seu
êxito, fazendo Moisés pecar contra Deus, e cair assim sob o domínio
da morte. O grande adversário declarou que a sentença divina —
“És pó, e em pó te tornarás” (
Gênesis 3:19
) — lhe dava posse dos
mortos. O poder da sepultura nunca havia sido quebrado, e todos os
que se achavam no túmulo ele considerava como cativos seus, para
jamais serem libertos da tenebrosa prisão.
Pela primeira vez estava Cristo para dar a vida aos mortos. Como
o Príncipe da vida e os seres resplandecentes se aproximassem da
sepultura, Satanás ficou apreensivo pela sua supremacia. Com seus
anjos maus levantou-se para contestar a invasão do território que
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alegava ser de sua posse. Ufanava-se de que o servo de Deus se
houvesse tornado seu prisioneiro. Declarou que mesmo Moisés não
foi capaz de guardar a lei de Deus; que tomara para si a glória devida
a Jeová — o mesmo pecado que determinara o banimento de Satanás
do Céu — e viera pela transgressão sob o domínio de Satanás. O
maior dos traidores reiterou as acusações originais que fizera contra
o governo divino, e repetiu suas queixas da injustiça de Deus para
com ele.
Cristo não Se rebaixou a entrar em controvérsia com Satanás.
Poderia apresentar contra ele a obra cruel que seus enganos haviam
operado no Céu, causando a ruína de um número enorme de seus
habitantes. Poderia ter apontado às falsidades proferidas no Éden, as
quais haviam determinado o pecado de Adão e acarretado a morte