Aliança com os Gibeonitas
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possível resistir aos hebreus, os gibeonitas recorreram a esse artifício
para conservar a vida.
Grande foi a indignação dos israelitas ao saberem do engano
que lhes havia sido impingido. Esta indignação aumentou quando,
após três dias de viagem, chegaram às cidades dos gibeonitas, pró-
ximas do centro do país. “Toda a congregação murmurava contra
os príncipes”; mas estes recusaram-se a romper o tratado, embora
conseguido pela fraude, porque lhes haviam jurado “pelo Senhor
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Deus de Israel”. “E os filhos de Israel os não feriram.” Os gibeonitas
haviam-se comprometido a renunciar à idolatria, e aceitar o culto a
Jeová; e a conservação de sua vida não era uma violação da ordem
de Deus para destruir os idólatras cananeus. Portanto os hebreus
não se comprometeram pelo seu juramento a perpetrar pecado. E, se
bem que o juramento fosse conseguido pelo engano, não deveria ser
desrespeitado. O dever a que fica empenhada a palavra de qualquer
pessoa, deve ser considerado sagrado, caso não a obrigue à prática
de um ato mau. Nenhuma consideração de lucro, desforra, ou de
interesse próprio, pode de qualquer maneira afetar a inviolabilidade
de um juramento ou compromisso. “Os lábios mentirosos são abomi-
náveis ao Senhor”.
Provérbios 12:22
. Aquele que “subirá ao monte
do Senhor”, e “estará no Seu lugar santo”, é “aquele que, mesmo
que jure com dano seu, não muda”.
Salmos 24:3
;
15:4
.
Permitiu-se aos gibeonitas que vivessem, mas ficaram como
escravos ligados ao santuário, a fim de fazerem todo o trabalho
servil. “E, naquele dia, Josué os deu como rachadores de lenha e
tiradores de água para a congregação, e para o altar do Senhor.”
Tais condições eles aceitaram com gratidão, cônscios de que haviam
estado em falta, e alegres por adquirirem a vida fosse qual fosse o
modo. “Eis que agora estamos na tua mão”, disseram a Josué; “faze
aquilo que te pareça bom e reto que se nos faça.” Durante séculos
seus descendentes estiveram ligados ao serviço do santuário.
O território dos gibeonitas compreendia quatro cidades. O povo
não estava sob o governo de um rei, mas eram governados por
anciãos, ou senadores. Gibeom, a mais importante de suas cidades,
“era uma cidade grande como uma das cidades reais”, “e todos os
seus homens valentes”. Uma prova notável do terror que os israelitas
haviam inspirado aos habitantes de Canaã consistia em que o povo