Página 469 - Patriarcas e Profetas (2007)

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A divisão de Canaã
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a todos os outros, foi o que Calebe, confiando na força de Deus,
escolheu para sua herança.
“Eis que o Senhor me conservou em vida”, disse ele; “quarenta e
cinco anos há agora, desde que o Senhor falou esta palavra a Moisés.
[...] E agora eis que já hoje sou de idade de oitenta e cinco anos.
E ainda estou tão forte como no dia em que Moisés me enviou;
qual a minha força então era, tal é agora a minha força, para a
guerra, e para sair e para entrar. Agora pois dá-me este monte de
que o Senhor falou aquele dia; pois naquele dia tu ouviste que os
enaquins estão ali, grandes e fortes cidades há ali. Porventura o
Senhor será comigo para os expelir, como o Senhor disse.” Este
pedido foi apoiado pelos principais homens de Judá. O próprio
Calebe, sendo um dos indicados daquela tribo para repartir a terra,
escolhera esses homens para que a ele se unissem ao apresentar seu
pedido, para que não houvesse a aparência de ter ele empregado sua
autoridade para proveito próprio.
Seu pedido foi imediatamente satisfeito. A ninguém poderia a
conquista daquela gigantesca fortaleza ser com mais segurança con-
fiada. “Josué o abençoou, e deu a Calebe, filho de Jefoné, Hebrom
em herança”, “porquanto perserverara em seguir ao Senhor Deus de
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Israel.” A fé de Calebe era agora precisamente o que fora quando
seu testemunho havia contradito o mau relato dos espias. Acreditara
na promessa de Deus de que Ele poria Seu povo na posse de Canaã,
e nisto seguira inteiramente ao Senhor. Suportara juntamente com
Seu povo a longa peregrinação no deserto, participando assim dos
desapontamentos e trabalhos dos culpados; não apresentou contudo
queixa contra isto, mas exaltou a misericórdia de Deus que o pre-
servara em vida no deserto, quando foram eliminados seus irmãos.
Entre todas as dificuldades, perigos e pragas, nas vagueações pelo
deserto, e durante os anos de guerra desde que entraram em Canaã,
preservara-o o Senhor; e agora, passados os oitenta anos, não se
encontrava abatido o seu vigor. Ele não pedia para si uma terra já
conquistada, mas o lugar que mais do que todos, os outros espias
haviam julgado impossível subjugar. Com a ajuda de Deus ele ar-
rancaria essa fortaleza daqueles mesmos gigantes, cujo poder fizera
abalar a fé de Israel. Não foi o desejo de honras ou engrandecimento
próprio que determinou o pedido de Calebe. O bravo e velho guer-
reiro estava desejoso de dar ao povo um exemplo que honraria a