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Patriarcas e Profetas
“Acabando pois de repartir a terra”, e tendo todas as tribos sido
aquinhoadas com sua herança, Josué apresentou seu pedido. A ele,
bem como a Calebe, fora feita uma promessa especial de herança;
contudo não pediu uma província extensa, mas tão-somente uma
simples cidade. “Deram-lhe a cidade que pediu, [...] e reedificou
aquela cidade, e habitou nela”.
Josué 19:49, 50
. O nome dado à
cidade foi: Timnate-Sera, “a porção que resta”, e isto em testemunho
permanente do caráter nobre e espírito abnegado do vencedor, que,
em vez de ser o primeiro a apropriar-se dos despojos da conquista,
adiou seu pedido até que os mais humildes de seu povo houvessem
sido servidos.
Seis das cidades designadas aos levitas, sendo três de cada lado
do Jordão, foram indicadas como cidades de refúgio, às quais os
que matavam um homem poderiam fugir em busca de segurança. A
designação dessas cidades fora ordenada por Moisés, “para que ali
se acolha o homicida que ferir alguma alma por erro. E estas cidades
vos serão por refúgio”, disse ele, “para que o homicida não morra,
até que esteja perante a congregação no juízo”.
Números 35:11,
12
. Esta misericordiosa disposição tornou-se necessária por causa
do antigo costume da vingança particular, pelo qual incumbia ao
parente mais próximo, ou ao herdeiro imediato do morto, o castigo
do assassínio. Nos casos em que claramente se provava a culpa,
não era necessário esperar processo dos magistrados. O vingador
podia perseguir o criminoso a qualquer parte, e matá-lo onde quer
que fosse encontrado. O Senhor não achou conveniente abolir este
costume naquela ocasião; mas tomou providências para garantir a
segurança dos que, acidentalmente, tirassem a vida.
As cidades de refúgio achavam-se distribuídas de tal maneira que
ficavam dentro do raio de meio dia de viagem, a partir de qualquer
lugar da terra. As estradas que a elas se dirigiam deviam sempre ser
conservadas em bom estado; ao longo de todo o caminho deviam
ser erguidos postes com placas, trazendo em caracteres claros e fla-
grantes a palavra — “Refúgio”, a fim de que o fugitivo não tivesse
de deter-se por um momento sequer. Qualquer pessoa — hebreu,
estrangeiro ou peregrino — poderia aproveitar-se desta disposição.
Mas, ao mesmo tempo em que o inocente não devia ser precipita-
damente morto, tampouco deveria o culpado escapar do castigo. O
caso do fugitivo cumpria ser devidamente julgado pelas autoridades