Página 493 - Patriarcas e Profetas (2007)

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O cuidado de Deus para com os pobres
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O Senhor declarou a Israel: “A terra não se venderá em perpetui-
dade, porque a terra é Minha; pois vós sois estrangeiros e peregrinos
comigo”.
Levítico 25:23
. O povo devia ser impressionado com o
fato de que era a terra de Deus que se lhes permitia possuir por
algum tempo; de que Ele era o legítimo possuidor, o proprietário
original, e de que desejava se tivesse consideração especial pelos
pobres e infelizes. A mente de todos devia ser impressionada com
o fato de que os pobres têm tanto direito a um lugar no mundo de
Deus como o têm os mais ricos.
Tais foram as disposições tomadas por nosso misericordioso Cri-
ador a fim de diminuir o sofrimento, trazer algum raio de esperança,
lampejar uma réstia de luz na vida dos que são destituídos de bens e
se acham angustiados.
O Senhor queria pôr obstáculo ao amor desordenado à proprie-
dade e ao poderio. Grandes males resultariam da acumulação contí-
nua da riqueza por uma classe, e da pobreza e degradação por outra.
Sem alguma restrição, o poderio dos ricos se tornaria um monopólio,
e os pobres, se bem que sob todos os aspectos perfeitamente tão
dignos à vista de Deus, seriam considerados e tratados como inferi-
ores aos seus irmãos mais prósperos. A consciência desta opressão
despertaria as paixões das classes mais pobres. Haveria um senti-
mento de aflição e desespero que teria como tendência desmoralizar
a sociedade e abrir as portas aos crimes de toda espécie. Os estatutos
que Deus estabelecera destinavam-se a promover a igualdade social.
As disposições do ano sabático e do jubileu em grande medida po-
riam em ordem aquilo que no intervalo anterior havia ido mal na
economia social e política da nação.
Aqueles estatutos destinavam-se a abençoar os ricos não menos
que os pobres. Restringiriam a avareza e a disposição para a exal-
tação própria, e cultivariam um espírito nobre e de beneficência;
e, alimentando a boa vontade e a confiança entre todas as classes,
promoveriam a ordem social, a estabilidade do governo. Nós nos
achamos todos entretecidos na grande trama da humanidade, e o que
quer que possamos fazer para beneficiar e elevar a outrem, refletirá
em bênçãos a nós mesmos. A lei da dependência recíproca vigora
em todas as classes da sociedade. Os pobres não dependem dos ricos
mais do que estes dependem daqueles. Enquanto uma classe pede
participação nas bênçãos que Deus conferiu aos seus vizinhos mais