Página 52 - Patriarcas e Profetas (2007)

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Patriarcas e Profetas
com seu irmão para aproximar-se de Deus da maneira divinamente
prescrita; mas seus rogos apenas tornaram Caim mais decidido a
seguir sua própria vontade. Sendo mais velho, achava que lhe não
condizia ser aconselhado por seu irmão, e desprezou o seu conselho.
Caim veio perante Deus com íntima murmuração e increduli-
dade, com respeito ao sacrifício prometido e necessidade de ofertas
sacrificais. Sua dádiva não exprimia arrependimento de pecado.
Achava, como muitos agora, que seria um reconhecimento de fra-
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queza seguir exatamente o plano indicado por Deus, confiando sua
salvação inteiramente à expiação do Salvador prometido. Preferiu a
conduta de dependência própria. Viria com seus próprios méritos.
Não traria o cordeiro, nem misturaria seu sangue com a oferta, mas
apresentaria
seus
frutos, produtos de
seu
trabalho. Apresentou sua
oferta como um favor feito a Deus, pelo qual esperava obter a apro-
vação divina. Caim obedeceu ao construir um altar, obedeceu ao
trazer um sacrifício, prestou, porém, apenas uma obediência parcial.
A parte essencial, o reconhecimento da necessidade de um Redentor,
ficou excluída.
Quanto ao que respeitava ao nascimento e instrução religiosa,
esses irmãos eram iguais. Ambos eram pecadores e ambos reconhe-
ciam o direito de Deus à reverência e adoração. Segundo a aparência
exterior, sua religião era a mesma até certo ponto; mas, além disto, a
diferença entre os dois era grande.
“Pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim”.
Hebreus 11:4
. Abel apreendeu os grandes princípios da redenção.
Viu-se como um pecador, e viu o pecado e sua pena de morte entre
sua alma e a comunhão com Deus. Trazia morta a vítima, aquela
vida sacrificada, reconhecendo assim as reivindicações da lei, que
fora transgredida. Por meio do sangue derramado olhava para o
futuro sacrifício, Cristo a morrer na cruz do Calvário; e, confiando
na expiação que ali seria feita, tinha o testemunho de que era justo,
e de que sua oferta era aceita.
Caim tivera, como Abel, a oportunidade de saber e aceitar estas
verdades. Não foi vítima de um intuito arbitrário. Um irmão não
fora eleito para ser aceito por Deus, e o outro para ser rejeitado. Abel
escolheu a fé e a obediência; Caim, a incredulidade e a rebeldia.
Nisto consistia toda a questão.