Página 571 - Patriarcas e Profetas (2007)

Basic HTML Version

O primeiro rei de Israel
567
aos seus desejos — ainda se esforçou tanto quanto possível para
acautelar as suas liberdades.
Ao mesmo tempo em que o povo em geral estava pronto para
reconhecer a Saul como seu rei, havia um grande partido em oposi-
ção. Ser escolhido um rei de Benjamim, a menor das tribos de Israel,
e isto em detrimento tanto de Judá como de Efraim, as maiores
e mais poderosas — era uma indiferença que não podiam tolerar.
Recusaram-se a declarar submissão a Saul, ou trazer-lhe os presen-
tes costumeiros. Os que foram os mais insistentes em seu pedido
para terem um rei, eram os mesmos que se recusavam aceitar com
gratidão o homem indicado por Deus. Os membros de cada facção
tinham seu favorito, que desejavam ver colocado sobre o trono; e
vários dentre os chefes haviam desejado a honra para si. A inveja e a
desconfiança ardiam no coração de muitos. Os esforços do orgulho
e da ambição haviam resultado na decepção e no desencanto.
Nesse estado de coisas, Saul não achou conveniente assumir
a dignidade real. Deixando que Samuel administrasse o governo,
como anteriormente, voltou a Gibeá. Foi honrosamente escoltado
para ali por uma multidão, que, vendo a escolha divina em sua
seleção, estava decidida a apoiá-lo. Mas ele não fez tentativas para
manter pela força seu direito ao trono. Em seu lar, entre as terras
altas de Benjamim, pacificamente ocupou-se com os deveres de
lavrador, deixando inteiramente a Deus o estabelecimento de sua
autoridade.
Logo depois da designação de Saul, os amonitas sob a adminis-
tração de seu rei, Naás, invadiram o território das tribos ao oriente
do Jordão, e ameaçaram a cidade de Jabes-Gileade. Os habitantes
procuraram negociar a paz, oferecendo-se para se fazerem tributá-
rios dos amonitas. Com isto o cruel rei não quis consentir a não
ser sob condição de poder arrancar o olho direito de cada um deles,
tornando-os assim testemunhas duradouras de seu poder.
O povo da cidade sitiada pediu um prazo de sete dias. Com
isto consentiram os amonitas, julgando assim aumentar a honra
de seu esperado triunfo. Imediatamente foram expedidos de Jabes
mensageiros, em busca de auxílio das tribos ao oeste do Jordão.
Levaram a notícia a Gibeá, suscitando terror em vasta região. Saul,
voltando à noite de acompanhar os bois no campo, ouviu o alto
pranto que falava de alguma grande calamidade. Perguntou: “Que