Página 570 - Patriarcas e Profetas (2007)

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Patriarcas e Profetas
exclamaram com espanto: “Que é o que sucedeu ao filho de Quis?
Está também Saul entre os profetas?”
1 Samuel 10:1-11
.
Tendo-se unido Saul com os profetas em seu culto, uma grande
mudança operou-se nele pelo Espírito Santo. A luz da pureza e san-
tidade divinas resplandeceu nas trevas do coração natural. Ele viu a
si mesmo como estava diante de Deus. Viu a beleza da santidade.
Foi agora chamado para começar a luta contra o pecado e Satanás,
e fez-se-lhe compreender que neste conflito sua força deveria vir
inteiramente de Deus. O plano da salvação que antes parecera obs-
curo e incerto, desvendou-se-lhe ao entendimento. O Senhor dotou-o
de coragem e sabedoria para o seu elevado cargo. Revelou-lhe a
fonte de força e graça, iluminando-lhe o entendimento quanto às
exigências divinas e ao seu próprio dever.
A unção de Saul como rei não fora levada ao conhecimento
da nação. A escolha de Deus deveria ser publicamente manifesta
por meio de sorte. Para tal fim Samuel convocou o povo de Mispa.
Foi feita oração rogando-se guia divina; então seguiu-se a solene
cerimônia de lançar a sorte. Em silêncio a multidão congregada
aguardava o resultado. A tribo, a família e a casa foram sucessiva-
mente designadas, e então Saul, o filho de Quis, foi indicado como o
indivíduo escolhido. Mas Saul não estava na assembléia. Oprimido
com uma intuição da grande responsabilidade prestes a cair sobre
ele, retirara-se secretamente. Foi de novo trazido à congregação, que
observou com orgulho e satisfação ter ele porte real e formas nobres,
sendo “mais alto do que todo o povo desde o ombro para cima”.
Mesmo Samuel, quando o apresentou à assembléia, exclamou: “Ve-
des já a quem o Senhor tem elegido? pois em todo o povo não há
nenhum semelhante a ele.” E em resposta surgiu da vasta multidão
uma demorada e ruidosa aclamação de alegria: “Viva o rei!”
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Samuel então expôs ao povo “o direito do reino” (
1 Samuel
10:23-25
), declarando os princípios sobre os quais o governo mo-
nárquico se baseava, e pelos quais cumpria ser dirigido. O rei não
deveria agir de forma absoluta, mas conservar seu poder em sujeição
à vontade do Altíssimo. Este discurso foi registrado em um livro,
no qual se estabeleciam as prerrogativas do príncipe e os direitos
e privilégios do povo. Embora a nação houvesse desprezado a ad-
vertência de Samuel, o fiel profeta — conquanto forçado a ceder