Página 578 - Patriarcas e Profetas (2007)

Basic HTML Version

574
Patriarcas e Profetas
a Ele se voltassem como seu único auxílio. Havia chegado o tempo
para a prova de Saul. Ele deveria agora mostrar se confiaria ou
não em Deus, e se esperaria pacientemente conforme à Sua ordem,
mostrando-se assim ser aquele com quem Deus poderia contar em
situações difíceis, na qualidade de governador de Seu povo, ou se
seria vacilante e indigno da responsabilidade sagrada que lhe fora
entregue. O rei a quem Israel escolhera, ouviria ao Rei de todos
os reis? Volveria ele a atenção de seus soldados esmorecidos para
Aquele em quem estão a força e o livramento eternos?
Com impaciência crescente esperava a chegada de Samuel, e
atribuiu a confusão, angústia e deserção de seu exército à ausência do
profeta. Veio o tempo aprazado, mas o homem de Deus não apareceu
imediatamente. A providência de Deus havia detido o Seu servo. O
espírito inquieto e impulsivo de Saul, porém, não se restringiria por
mais tempo. Entendendo que se deveria fazer algo para acalmar os
temores do povo, decidiu-se a convocar uma assembléia para serviço
[457]
religioso, e mediante sacrifício rogar o auxílio divino. Deus tinha
determinado que unicamente os que eram consagrados ao ofício
deviam apresentar sacrifícios diante dEle. Mas ordenou Saul “trazei-
me aqui um holocausto”; e, cingido como estava de armaduras e
armas de guerra, aproximou-se do altar, e ofereceu sacrifício diante
de Deus.
“E sucedeu que, acabando ele de oferecer o holocausto, eis que
Samuel chegou; e Saul lhe saiu ao encontro, para o saudar”.
1 Samuel
13:9, 10
. Samuel viu de pronto que Saul tinha procedido contraria-
mente à expressa instrução que lhe havia sido dada. O Senhor tinha
falado pelo Seu profeta que nesta ocasião Ele revelaria o que Israel
deveria fazer em tal crítica situação. Se Saul tivesse satisfeito as
condições sob as quais fora prometido auxílio divino, o Senhor teria
operado um maravilhoso livramento para Israel, com os poucos que
eram fiéis ao rei. Mas Saul estava tão satisfeito consigo mesmo e
com sua obra, que saiu ao encontro do profeta como alguém que
devesse ser elogiado em vez de reprovado.
O semblante de Samuel estava cheio de ansiedade e angústia;
mas, à sua pergunta — “Que fizeste?” — Saul apresentou desculpas
de seu ato presunçoso. Disse ele: “Porquanto via que o povo se
espalhava de mim, e tu não vinhas nos dias aprazados, e os filisteus
já se tinham ajuntado em Micmas, eu disse: Agora descerão os