A presunção de Saul
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sentença devia ser executada. Poupar a vida de seu filho teria sido
um reconhecimento da parte de Saul de que ele pecara fazendo um
voto tão precipitado. Isto seria humilhante ao seu orgulho. “Assim
me faça Deus, e outro tanto”, foi a sua terrível sentença; “que com
certeza morrerá, Jônatas.”
Saul não podia pretender a honra da vitória, mas esperava ser
honrado pelo seu zelo ao manter a santidade de seu voto. Mesmo
com sacrifício de seu filho, queria impressionar seus súditos com
o fato de que a autoridade real tinha de ser mantida. Em Gilgal,
pouco tempo antes, Saul tomara a ousadia de oficiar como sacerdote,
contrariamente ao mandado de Deus. Sendo reprovado por Samuel,
obstinadamente justificou-se. Agora, quando sua própria ordem foi
desobedecida — embora esta ordem não fosse razoável, e tivesse
sido violada por ignorância — o rei e pai sentenciou o filho à morte.
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O povo recusou-se a permitir que a sentença de morte fosse
executada. Afrontando a ira do rei, declararam: “Morrerá Jônatas,
que obrou tão grande salvação em Israel? Nunca tal suceda; vive o
Senhor, que não lhe há de cair no chão um só cabelo da sua cabeça!
Pois com Deus fez isso hoje”.
1 Samuel 14:45
. O orgulhoso rei não
ousou desrespeitar este unânime veredicto, e a vida de Jônatas foi
preservada.
Saul não pôde deixar de sentir que seu filho era preferido a ele,
tanto pelo povo como pelo Senhor. O livramento de Jônatas foi uma
severa exprobração à precipitação do rei. Teve um pressentimento de
que suas maldições cairiam sobre sua cabeça. Não mais continuou
a guerra com os filisteus, mas voltou para casa mal-humorado e
descontente.
Aqueles que mais prontos estão para desculpar-se ou justificar-se
no pecado, são muitas vezes os mais severos ao julgar e condenar
os outros. Muitos, como Saul, trazem sobre si o desagrado de Deus,
mas rejeitam o conselho e desprezam a reprovação. Mesmo quando
convictos de que o Senhor não está com eles, recusam-se a ver em
si a causa da perturbação. Alimentam um espírito orgulhoso, jactan-
cioso, ao mesmo tempo em que condescendem em fazer um juízo
cruel ou severa censura em relação a outros que são melhores do
que eles. Bom seria que tais juízes, que a si mesmos se constituem,
ponderassem estas palavras de Cristo: “Com o juízo com que julgar-