Página 582 - Patriarcas e Profetas (2007)

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Patriarcas e Profetas
Logo se ouviu o rumor da batalha no acampamento de Israel.
As sentinelas do rei referiram que havia grande confusão entre
os filisteus, e que seu número estava decrescendo. Não se sabia,
entretanto, que qualquer parte do exército hebreu houvesse deixado
o acampamento. Feita a busca, verificou-se que ninguém estava
ausente a não ser Jônatas e seu pajem de armas. Mas, vendo que os
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filisteus estavam sendo repelidos, Saul levou seu exército a unir-se
ao assalto. Os hebreus que tinham desertado para o inimigo voltaram
agora contra eles; grande número também saiu de seus esconderijos;
e, fugindo os filisteus, destroçados, o exército de Saul infligiu terrível
estrago nos fugitivos.
Decidido a tirar para si as maiores vantagens, o rei temeraria-
mente proibiu a seus soldados tomarem alimento durante o dia todo,
impondo a ordem por meio de uma solene imprecação: “Maldito
o homem que comer pão até à tarde, para que me vingue de meus
inimigos”.
1 Samuel 14:24
. A vitória já havia sido ganha, sem o co-
nhecimento ou a cooperação de Saul; mas ele esperava distinguir-se
pela completa destruição do exército vencido. A ordem para absti-
nência de alimento foi motivada pela ambição egoísta, e mostrou ser
o rei indiferente às necessidades de seu povo quando estas estavam
em conflito com seus desejos de exaltação própria. Confirmando esta
proibição com um juramento solene, Saul se mostrou não somente
temerário como também profano. As próprias palavras da impreca-
ção dão prova de que o zelo de Saul era por si mesmo, e não pela
honra de Deus. Ele declarou seu objetivo não ser que o Senhor fosse
vingado de
Seus
inimigos, mas “que
me
vingue de
meus
inimigos”.
A proibição teve como resultado levar o povo a transgredir o
mandado de Deus. Eles tinham estado empenhados em guerra o dia
todo, e desfaleciam pela falta de alimento; e apenas se passaram as
horas da restrição, caíram sobre o despojo, e devoraram a carne com
sangue, violando desta maneira a lei que proibia comer sangue.
Durante o dia de batalha, Jônatas, que não tinha ouvido acerca
da ordem do rei, ignorantemente transgrediu comendo um pouco de
mel quando passava através de um bosque. Saul teve conhecimento
disto à tarde. Havia declarado que a violação deste edito seria punida
com a morte; e, embora Jônatas não tivesse sido culpado de pecado
voluntário, embora Deus lhe tivesse miraculosamente preservado
a vida, e houvesse operado por meio dele, o rei declarou que a