A presunção de Saul
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Deus permitira que as coisas fossem assim levadas a uma si-
tuação crítica, a fim de poder repreender a perversidade de Saul, e
ensinar a Seu povo uma lição de humildade e fé. Por causa do pecado
de Saul em sua oferta presunçosa, o Senhor não lhe daria a honra
de vencer aos filisteus. Jônatas, o filho do rei, homem que temia o
Senhor, foi escolhido como instrumento para libertar Israel. Movido
por um impulso divino, propôs ao seu pajem de armas que fizes-
sem um ataque secreto ao arraial do inimigo. “Porventura”, disse
ele, “obrará o Senhor por nós, porque para com o Senhor nenhum
impedimento há de livrar com muitos ou com poucos.”
O pajem de armas, que também era homem de fé e oração, in-
centivou este plano, e juntos retiraram-se do acampamento, secreta-
mente, para que não acontecesse encontrar oposição o seu propósito.
Com oração fervorosa ao Guia de seus pais, convieram em um sinal
pelo qual poderiam determinar o que fazer. Descendo então para a
garganta que separava os dois exércitos, silenciosamente seguiram
seu caminho, à sombra do rochedo, e ocultos parcialmente pelas
pedras e saliências do vale. Aproximando-se da fortaleza filistéia,
ficaram à vista de seus inimigos, que, sarcasticamente, disseram:
“Eis que já os hebreus saíram das cavernas em que se tinham escon-
dido”; então os desafiaram: “Subi a nós, e nós vo-lo ensinaremos”
(
1 Samuel 14:11, 12
), querendo dizer que puniriam os dois israelitas
pela sua audácia. Este desafio era o sinal que Jônatas e seu com-
panheiro tinham concordado aceitar como prova de que o Senhor
favorecia seu empreendimento. Saindo agora das vistas dos filisteus,
e escolhendo um caminho secreto e difícil, os guerreiros se dirigiram
ao cume de uma rocha que tinha sido considerada inacessível, e não
estava mui fortemente guarnecida. Assim penetraram no arraial do
inimigo, e mataram as sentinelas, que, dominadas pela surpresa e
temor, não ofereceram resistência.
Anjos celestiais escudavam a Jônatas e seu auxiliar, anjos com-
batiam ao seu lado, e os filisteus caíam diante deles. A terra tremia
como se uma grande multidão com cavaleiros e carros se estivesse
aproximando. Jônatas reconheceu os sinais do auxílio divino, e
mesmo os filisteus viram que Deus estava agindo para o livramento
de Israel. Grande temor apoderou-se do exército, tanto no campo
como na guarnição. Na confusão, tomando seus próprios soldados
por inimigos, os filisteus começaram a matar-se uns aos outros.