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Patriarcas e Profetas
para com Saul, como rei de Israel. A mensagem de Davi foi mal-
interpretada pelos conselheiros de Hanum. Disseram “a seu senhor,
Hanum: Porventura honra Davi a teu pai aos teus olhos, por que te
enviou consoladores? porventura não te enviou Davi os seus servos
para reconhecerem esta cidade, e para espiá-la, e para transtorná-la?”
2 Samuel 10:2, 3
. Foi por sugestão a seus conselheiros que Naás,
meio século antes, fora levado a formular a cruel condição exigida
do povo de Jabes-Gileade, quando, sitiado pelos amonitas, solicitara
um concerto de paz. Naás reclamara o privilégio de arrancar de
todos o olho direito. Os amonitas ainda se lembravam vividamente
de como o rei de Israel transtornara seu cruel desígnio, e livrara o
povo que eles teriam humilhado e mutilado. O mesmo ódio a Israel
ainda os movia. Não podiam conceber o espírito generoso que havia
inspirado a mensagem de Davi. Quando Satanás domina a mente
dos homens, ele desperta a inveja e a suspeita que levarão a mal
mesmo as melhores intenções.
Dando ouvidos a seus conselheiros, Hanum considerou os men-
sageiros de Davi como espias, e os cumulou de escárnio e insulto.
Aos amonitas fora permitido executar os seus maus propósitos de
coração, sem serem restringidos nisto, a fim de que pudesse revelar-
se a Davi o seu verdadeiro caráter. Não era da vontade de Deus que
Israel entrasse em aliança com esse traidor povo gentio.
Nos antigos tempos, como hoje, as funções de embaixador eram
consideradas sagradas. Pela lei universal das nações asseguravam
proteção contra violência ou insulto pessoal. Achando-se o embai-
xador como representante de seu soberano, qualquer ato indigno
que se lhe fizesse exigia imediata desforra. Os amonitas, sabendo
que o insulto dirigido a Israel certamente seria vingado, fizeram
preparativos para a guerra. “Vendo pois os filhos de Amom que
se tinham feito odiosos para com Davi, então enviou Hanum, e os
filhos de Amom, mil talentos de prata, para alugarem para si carros
e cavaleiros de Mesopotâmia, e da Síria de Maaca, e de Zobá. E
alugaram para si trinta e dois mil carros, [...] também os filhos de
Amom se ajuntaram das suas cidades, e vieram para a guerra”.
1
Crônicas 19:6, 7
.
Era na verdade uma aliança formidável. Os habitantes da região
que ficava entre o Rio Eufrates e o Mar Mediterrâneo tinham-se
aliado com os amonitas. O norte e o oriente de Canaã estavam
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