Página 686 - Patriarcas e Profetas (2007)

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Patriarcas e Profetas
sacerdote nem rei tinha o direito de remover dali o símbolo de Sua
presença. E Davi compreendeu que seu coração e sua vida deveriam
estar em harmonia com os preceitos divinos, aliás a arca seria o
meio para ocorrer desastre em vez de êxito. Seu grande pecado
estava sempre diante dele. Reconhecia nesta conspiração o justo
juízo de Deus. A espada que não deveria afastar-se de sua casa, fora
desembainhada. Ele não sabia qual poderia ser o resultado da luta.
Não lhe competia remover da capital da nação os estatutos sagrados
que incorporavam a vontade de seu divino Soberano, os quais eram
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a constituição do reino e o fundamento de sua prosperidade.
Ele ordenou a Zadoque: “Torna a levar a arca de Deus à cidade;
que, se achar graça nos olhos do Senhor, Ele me tornará a trazer para
lá, e me deixará ver a ela e a sua habitação. Se, porém, disser assim:
Não tenho prazer em ti; eis-me aqui, faça de mim como parecer bem
aos Seus olhos.”
Davi acrescentou: “Não és tu porventura o vidente?” — homem
designado por Deus para instruir o povo. “Torna, pois, em paz para
a cidade, e convosco também vossos dois filhos, Aimaás, teu filho,
e Jônatas, filho de Abiatar. Olhai que me demorarei nas campinas
do deserto até que tenha novas vossas”.
2 Samuel 15:25-28
. Na
cidade os sacerdotes poderiam prestar-lhe bom serviço, sabendo dos
movimentos e intuitos dos rebeldes, e comunicando-os secretamente
ao rei por seus filhos Aimaás e Jônatas.
Voltando os sacerdotes a Jerusalém, uma sombra mais negra
recaiu sobre a multidão que partia. Sendo seu rei fugitivo, sendo
eles próprios rejeitados, abandonados mesmo pela arca de Deus,
estava o futuro obscurecido de terror e maus prenúncios. “E subiu
Davi pela subida das Oliveiras, subindo e chorando, e com a cabeça
coberta, e caminhava com os pés descalços; e todo o povo que ia
com ele cobria cada um a sua cabeça, e subiam chorando sem cessar.
Então fizeram saber a Davi, dizendo: Também Aitofel está entre os
que se conjuraram com Absalão.” Novamente foi Davi obrigado a
reconhecer em suas calamidades os resultados de seu próprio pecado.
A deserção de Aitofel, o mais hábil e astuto dos dirigentes políticos,
foi motivada pela vingança à desonra que sobreveio à família em
virtude do dano feito a Bate-Seba, que era sua neta.
“Pelo que disse Davi: Ó Senhor, transtorna o conselho de Ai-
tofel”.
2 Samuel 15:30, 31
. Chegando ao cume do monte, o rei