Página 685 - Patriarcas e Profetas (2007)

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A rebelião de Absalão
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Com humildade e tristeza, Davi saiu pela porta de Jerusalém,
repelido de seu trono, de seu palácio, da arca de Deus, pela insur-
reição de seu querido filho. O povo acompanhou-o em um séquito
longo e triste, semelhante a um cortejo fúnebre. A guarda pessoal de
Davi, constituída pelos quereteus, peleteus, e por seiscentos geteus
de Gate, sob o comando de Itai, acompanhou o rei. Mas Davi, com
sua abnegação característica, não pôde consentir que esses estran-
geiros que tinham procurado sua proteção se envolvessem em sua
calamidade. Exprimiu surpresa de que estivessem dispostos a fazer
tal sacrifício por ele. Então disse o rei a Itai, o geteu: “Por que irias
tu também conosco? Volta, e fica-te com o rei, porque estranho és,
e também te tornarás a teu lugar. Ontem vieste, e te levaria eu hoje
conosco a caminhar? Pois força me é ir aonde quer que puder ir;
volta, pois, e torna a levar teus irmãos contigo, com beneficência e
fidelidade.”
Itai respondeu: “Vive o Senhor, e vive o rei meu senhor, que no
lugar em que estiver o rei meu senhor, seja para morte seja para vida,
aí certamente estará também o teu servidor.” Estes homens tinham-se
convertido do paganismo ao culto de Jeová, e nobremente provaram
agora sua fidelidade a seu Deus e a seu rei. Davi, com coração grato,
aceitou a dedicação deles à sua causa, que aparentemente ia abaixo,
e todos passaram o ribeiro de Cedrom, a caminho do deserto.
De novo o cortejo parou. Um grupo trajado de vestes santas
vinha se aproximando. “Eis que também Zadoque ali estava, e com
ele todos os levitas que levavam a arca do concerto de Deus”.
2
Samuel 15:19-21, 24
. Os seguidores de Davi olharam para isto como
um feliz sinal. A presença daquele símbolo sagrado era para eles um
penhor de seu livramento e vitória final. Infundiria coragem ao povo
para que se arregimentasse junto ao rei. A ausência da mesma em
Jerusalém acarretaria terror aos partidários de Absalão.
À vista da arca, a alegria e a esperança por um breve momento
fizeram fremir o coração de Davi. Mas logo outros pensamentos lhe
vieram. Como aquele que fora designado para governar a herança
de Deus, encontrava-se ele sob uma responsabilidade solene. Não
o interesse pessoal, mas sim a glória de Deus e o bem de Seu povo
deveriam ser objetivos preeminentes no espírito do rei de Israel.
Deus, que habita entre os querubins, disse acerca de Jerusalém: “Este
é o Meu repouso” (
Salmos 132:14
); e, sem autoridade divina, nem