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Patriarcas e Profetas
estabelecer a confiança do povo, e assim levar este à rebelião contra
o rei que Deus escolhera.
Absalão partiu para Hebrom, e foram com ele de Jerusalém “du-
zentos homens convidados, porém iam na sua simplicidade, porque
nada sabiam daquele negócio”.
2 Samuel 14:7-11
. Estes homens
iam com Absalão, mal imaginando que seu amor pelo filho os estava
levando à rebelião contra o pai. Chegando em Hebrom, Absalão
imediatamente chamou Aitofel, um dos principais conselheiros de
Davi, homem de grande fama por sua sabedoria, cuja opinião se jul-
gava ser tão segura e prudente como a de um oráculo. Aitofel aderiu
aos conspiradores, e seu apoio fez com que parecesse certo o êxito
à causa de Absalão, atraindo sob sua bandeira muitos homens de
influência de todas as partes do país. Soando a trombeta de revolta,
os espias do príncipe por todo o país espalharam a notícia de que
Absalão era rei, e muitos do povo a ele se uniram.
Entrementes foi levado o alarme a Jerusalém, ao rei. Davi
despertou-se de súbito, para ver a rebelião irrompendo junto a seu
trono. Seu próprio filho, aquele filho que ele amara e em quem con-
fiara, estivera a conspirar para lhe tomar a coroa, e sem dúvida para
lhe tirar a vida. Em seu grande perigo, Davi sacudiu a depressão que
durante tanto tempo sobre ele repousava, e com o espírito de seus
primeiros anos preparou-se para enfrentar esta terrível emergência.
Absalão estava arregimentando suas forças, em Hebrom, afastada
apenas trinta quilômetros. Os rebeldes logo estariam às portas de
Jerusalém.
De seu palácio, Davi olhava para a sua capital — formosa de sítio,
e “alegria de toda a Terra, [...] a cidade do grande Rei”.
Salmos 48:2
.
Estremecia ao pensamento de expô-la à carnificina e devastação.
Deveria chamar em seu auxílio os súditos ainda fiéis ao seu trono,
e assumir posição para manter sua capital? Deveria permitir que
Jerusalém fosse inundada de sangue? Sua decisão estava tomada.
Os horrores da guerra não deveriam recair sobre a cidade escolhida.
Ele sairia de Jerusalém, e então provaria a fidelidade de seu povo,
dando-lhes oportunidade para se arregimentarem em seu apoio.
Nesta grande crise, era seu dever a Deus e a seu povo manter a
autoridade de que o Céu o investira. O desenlace do conflito ele
confiaria a Deus.
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