Página 73 - Patriarcas e Profetas (2007)

Basic HTML Version

O dilúvio
69
suas palavras; pois era a voz de Deus ao homem por meio de Seu
servo. A ligação com Deus tornava-o forte, na força do poder infinito,
enquanto durante cento e vinte anos sua voz solene soou aos ouvidos
daquela geração, com referência a acontecimentos que, tanto quanto
poderia julgar a sabedoria humana, eram impossíveis.
O mundo antediluviano raciocinava que durante séculos as leis
da natureza tinham estado fixas. As estações, periódicas, tinham
vindo em sua ordem. Até ali nunca havia caído a chuva; a terra
era regada por uma neblina ou orvalho. Os rios jamais haviam
passado os seus limites, mas com segurança tinham levado suas
águas para o mar. Imutáveis decretos tinham impedido as águas de
transbordarem. Mas tais raciocinadores não reconheceram a mão
dAquele que conteve as águas dizendo: “Até aqui virás, e não mais
adiante”.
Jó 38:11
.
Passando-se o tempo, sem qualquer mudança aparente na natu-
reza, os homens cujo coração tinha por vezes tremido pelo receio,
começaram a refazer-se. Raciocinavam, como muitos fazem hoje,
que a natureza está acima do Deus da natureza, e que suas leis são
tão firmemente estabelecidas que o próprio Deus não as pode mudar.
Raciocinando que a natureza se desviaria de seu curso, se a mensa-
gem de Noé fosse correta, tornavam aquela mensagem, na mente do
povo uma ilusão, um grande engano. Manifestavam seu desprezo
pela advertência de Deus, fazendo exatamente como haviam feito
antes que fosse apregoada. Continuaram com suas festas e banquetes
de glutonaria; comiam e bebiam, plantavam e edificavam, fazendo
seus planos com referência às vantagens que esperavam adquirir no
futuro; e mais longe foram eles em impiedade, em desatenção arro-
gante às ordens de Deus, a fim de testemunharem que não tinham
medo do Ser infinito. Afirmavam que, se havia alguma verdade no
que Noé dissera, os homens de fama — os sábios, os prudentes, os
grandes homens — compreenderiam essa questão.
Se os antediluvianos tivessem acreditado na advertência, e se
houvessem arrependido de suas más ações, o Senhor teria desviado
Sua ira, como mais tarde fez em relação a Nínive. Entretanto, pela
sua obstinada resistência às reprovações da consciência e advertên-
cias do profeta de Deus, aquela geração encheu a medida de sua
iniqüidade, e se tornou madura para a destruição.