O dilúvio
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uma nuvem de glória, mais vívida que o relâmpago, desceu do céu e
pairou diante da entrada da arca. A porta maciça, que era impossível
àqueles que dentro estavam fechar, girou vagarosamente ao seu lugar
por meio de mãos invisíveis. Noé ficou encerrado, e os que rejeita-
ram a misericórdia de Deus, excluídos. O selo do Céu estava naquela
porta; Deus a havia fechado, e somente Deus a poderia abrir. Assim,
quando Cristo terminar Sua intercessão pelo homem culpado, antes
de Sua vinda nas nuvens do céu, fechar-se-á a porta da misericórdia.
A graça divina não mais restringirá os ímpios, e Satanás terá pleno
domínio sobre aqueles que rejeitaram a misericórdia. Esforçar-se-ão
por destruir o povo de Deus, mas como Noé estava abrigado na arca,
assim os justos estarão protegido pelo poder divino.
Durante sete dias depois que Noé e sua família entraram na arca,
não apareceu sinal da tempestade vindoura. Fora durante este tempo
provada a sua fé. Foi um tempo de triunfo para o povo, lá fora.
A aparente demora confirmava-os na crença de que a mensagem
de Noé era uma ilusão, e de que o dilúvio jamais viria. Apesar das
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cenas solenes que haviam testemunhado, a saber, os animais e as aves
entrando na arca, e o anjo de Deus fechando a porta, continuaram
eles ainda com seu divertimento e orgia, fazendo mesmo zombaria
daquelas assinaladas manifestações do poder de Deus. Reuniam-se
em multidões em redor da arca, escarnecendo dos que dentro se
encontravam, com uma arrogante violência a que nunca antes se
haviam arriscado.
Mas, ao oitavo dia, nuvens negras se espalharam pelo céu.
Seguiram-se o murmúrio do trovão e o lampejo do relâmpago. Logo,
grandes gotas de chuva começaram a cair. O mundo nunca havia tes-
temunhado coisa alguma semelhante a isto, e o coração dos homens
foi tocado pelo medo. Todos estavam secretamente indagando: “Será
que Noé tinha razão e que o mundo está condenado à destruição?”
Cada vez mais negros se tornavam os céus, e mais rápida vinha a
chuva. Os animais estavam vagueando de um lado para outro no
mais desenfreado terror, e seus gritos discordantes pareciam lamen-
tar seu próprio destino e a sorte dos homens. Então “se romperam
todas as fontes do grande abismo, e as janelas do céu se abriram”.
Gênesis 7:11
. A água parecia vir das nuvens em grandes cataratas.
Os rios romperam os seus limites, e inundaram os vales. Jatos de
água irrompiam da terra, com força indescritível, arremessando pe-