Página 76 - Patriarcas e Profetas (2007)

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Patriarcas e Profetas
dras maciças a muitos metros para o ar; e ao caírem, sepultavam-se
profundamente no solo.
O povo viu a princípio a destruição das obras de suas mãos. Seus
esplêndidos edifícios, e os belos jardins e bosques em que haviam
colocado seus ídolos, eram destruídos pelos raios do céu, e as ruínas
se espalhavam por toda parte. Os altares em que se haviam oferecido
sacrifícios humanos, eram derribados, e tremiam os adoradores ante
o poder do Deus vivo, e por saber que fora a sua corrupção e idolatria
que atraíram a sua destruição.
Aumentando a violência da tempestade, árvores, edifícios, pe-
dras e terra, eram arrojados a todos os lados. O terror do homem e
dos animais era indescritível. Por sobre o estrondo da tempestade,
ouvia-se o pranto de um povo que tinha desprezado a autoridade
de Deus. O próprio Satanás, que fora obrigado a permanecer no
meio dos elementos em fúria, temeu pela sua existência. Ele se havia
deleitado em dirigir uma raça tão poderosa, e desejara que vives-
sem para praticar suas abominações, e continuar com sua rebelião
contra o Governador do Céu. Agora proferia imprecações contra
Deus, acusando-O de injustiça e crueldade. Muitos dentre o povo,
semelhantes a Satanás, blasfemavam de Deus, e, pudessem eles,
tirá-Lo-iam do trono do poder. Outros tomavam-se de frenesi, pelo
terror, estendendo as mãos para a arca, e rogando sua admissão ali.
Seus rogos, porém, foram em vão. Despertou-se-lhes finalmente a
consciência para saberem que há um Deus que governa nos Céus.
Chamaram por Ele com ardor, mas os Seus ouvidos não estavam
abertos ao seu clamor. Naquela terrível hora viram que a transgres-
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são da lei de Deus determinara a sua ruína. Todavia, ao mesmo
tempo em que pelo medo do castigo reconheciam o seu pecado,
não sentiam verdadeira contrição, nem horror ao mal. Teriam vol-
tado ao seu desafio ao Céu, caso houvesse sido removido o juízo.
Semelhantemente, quando os juízos de Deus caírem sobre a Terra,
antes de seu dilúvio de fogo, os impenitentes saberão precisamente
onde pecaram, e em que consiste seu pecado: o desprezo à Sua santa
lei. Contudo, não terão o verdadeiro arrependimento mais do que
tiveram os pecadores do mundo antigo.
Alguns, em seu desespero, esforçavam-se por penetrar na arca;
porém, a firme estrutura resistiu aos seus esforços. Alguns apegaram-
se à arca até que foram arrebatados pelas águas revoltas, ou foi seu