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Profetas e Reis
guarda; e deram-lhe um bolo de pão cada dia, da rua dos padeiros,
até que se acabou todo o pão da cidade. Assim ficou Jeremias no
átrio da guarda”.
Jeremias 37:21
.
O rei não ousou manifestar fé abertamente em Jeremias. Em-
bora seu temor o impelisse a buscar informação privada da parte
do profeta, era demasiado fraco para enfrentar a desaprovação de
seus príncipes e do povo por submeter-se à vontade de Deus como
manifesta pelo profeta.
Do átrio da guarda Jeremias continuou a aconselhar submissão
ao rei de Babilônia. Oferecer resistência era cortejar morte certa. A
mensagem do Senhor a Judá era: “O que ficar nesta cidade morrerá
à espada, à fome e de pestilência; mas o que for para os caldeus
viverá; porque a sua alma lhe será por despojo, e viverá”. Claras e
positivas eram as palavras proferidas. No nome do Senhor o profeta
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declarou ousadamente: “Esta cidade infalivelmente será entregue na
mão do exército do rei de Babilônia, e ele a tomará”.
Jeremias 38:2,
3
.
Afinal os príncipes, exasperados com os repetidos conselhos
de Jeremias, que eram contrários à política de resistência por eles
adotada, fizeram um vigoroso protesto perante o rei, insistindo em
que o profeta era um inimigo da nação, e que suas palavras tinham
enfraquecido as mãos do povo, e acarretado o infortúnio sobre eles;
por isto ele devia ser condenado à morte.
O rei acovardado sabia que as acusações eram falsas, mas para
cativar os que ocupavam posição elevada e de influência na nação,
simulou crer em suas falsidades, e entregou-lhes às mãos a Jeremias
para fazerem com ele o que quisessem. O profeta foi lançado “no
calabouço de Malquias, filho do rei, que estava no átrio da guarda, e
desceram a Jeremias com cordas; mas no calabouço não havia água,
senão lama, e atolou-se Jeremias na lama”.
Jeremias 38:6
. Mas Deus
suscitou-lhe amigos, os quais procuraram o rei no interesse dele, e
conseguiram que de novo fosse removido para o átrio da guarda.
Uma vez mais o rei em caráter privado mandou em busca de Je-
remias, e ordenou-lhe que fielmente referisse os propósitos de Deus
para com Jerusalém. Em resposta, Jeremias inquiriu: “Declarando-ta
eu, com certeza não me matarás? e, aconselhando-te eu, ouvir-me-
ás?” O rei entrou num pacto secreto com o profeta. “Vive o Senhor,
que nos fez esta alma, que não te matarei”, o rei prometeu, “nem