Página 310 - Profetas e Reis (2007)

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Profetas e Reis
Eles estavam familiarizados com a história de Nadabe e Abiú, de
cuja intemperança e seus resultados foi conservado o registro nos
pergaminhos do Pentateuco; e sabiam que suas próprias faculdades
físicas e mentais seriam danosamente afetadas pelo uso do vinho.
Daniel e seus companheiros tinham sido educados por seus
pais nos hábitos da estrita temperança. Tinham sido ensinados que
Deus lhes pediria contas de suas faculdades, e que jamais deveriam
diminuí-las ou enfraquecê-las. Esta educação fora para Daniel e seus
companheiros o meio de sua preservação entre as desmoralizantes
influências da corte de Babilônia. Fortes eram as tentações que os
rodeavam nessa corte corrupta e luxuosa, mas eles permaneceram
incontaminados. Nenhuma força, nenhuma influência poderia afastá-
los dos princípios que tinham aprendido no limiar da vida mediante
estudo da Palavra e obras de Deus.
Tivesse Daniel desejado e teria encontrado em torno de si escusas
plausíveis para afastar-se dos estritos hábitos de temperança. Ele
poderia ter argumentado que, dependendo como estava do favor do
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rei e sujeito ao seu poder, não havia outro caminho a seguir senão
comer do alimento do rei e beber do seu vinho; pois se se apegasse
ao ensinamento divino, ofenderia o rei, e provavelmente perderia
sua posição e a vida. Se transgredisse o mandamento do Senhor, ele
reteria o favor do rei, e asseguraria para si vantagens intelectuais e
lisonjeiras perspectivas mundanas.
Mas Daniel não hesitou. A aprovação de Deus era-lhe mais
cara que o favor do mais poderoso potentado da Terra — mais cara
mesmo que a própria vida. Ele se determinou permanecer firme em
sua integridade, fossem quais fossem os resultados. Ele “assentou
no seu coração não se contaminar com a porção do manjar do rei,
nem com o vinho que ele bebia”.
Daniel 1:8
. E nesta resolução foi
apoiado por seus três companheiros.
Tomando esta decisão, os jovens hebreus não agiram presun-
çosamente, mas em firme confiança em Deus. Não escolheram ser
singulares, mas sê-lo-iam de preferência a desonrar a Deus. Tives-
sem eles se comprometido com o erro neste caso rendendo-se à
pressão das circunstâncias, e este abandono do princípio ter-lhes-ia
enfraquecido o senso do direito e sua capacidade de aborrecer o erro.
O primeiro passo errado tê-los-ia levado a outros, de maneira que,
cortada sua ligação com o Céu, eles seriam varridos pela tentação.