A fornalha ardente
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todo-poderoso, que haveria de quebrar em pedaços todos os outros
reinos, permanecendo para sempre.
A idéia de estabelecer um império e uma dinastia que perdu-
rassem para sempre, apelou fortemente ao poderoso monarca cujas
armas as nações da terra tinham sido incapazes de resistir. Com o en-
tusiasmo nascido da ilimitada ambição e orgulho personalístico, ele
tomou conselho com seus sábios quanto à maneira de levar avante o
projeto. Esquecendo as assinaladas providências relacionadas com
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o sonho da grande imagem; esquecendo também que o Deus de
Israel, por intermédio de Seu servo Daniel, tinha-lhe esclarecido o
significado da imagem, e que em conexão com esta interpretação os
grandes homens do reino tinham sido salvos de morte ignominiosa;
esquecendo tudo, exceto o seu desejo de estabelecer o seu próprio
poder e supremacia, o rei e seus conselheiros de Estado decidiram
que todos os meios possíveis seriam utilizados para exaltar Babilônia
como suprema, e digna de submissão universal.
A simbólica representação pela qual Deus tinha revelado ao rei e
ao povo o Seu propósito para com as nações da Terra, ia agora servir
para glorificação do poder humano. A interpretação de Daniel ia ser
rejeitada e esquecida; a verdade ia ser mistificada e mal utilizada. O
símbolo que o Céu designara servisse para desdobrar perante a mente
dos homens importantes eventos do futuro, ia ser utilizado para
impedir a divulgação do conhecimento que Deus desejava o mundo
recebesse. Assim mediante a imaginação de homens ambiciosos,
Satanás estava procurando frustrar o propósito divino em favor da
raça humana. O inimigo da humanidade sabia que a verdade isenta
de erro é uma força poderosa para salvar; mas que quando usada
para exaltar o eu e favorecer os projetos dos homens, torna-se um
poder para o mal.
Das ricas reservas do seu tesouro, Nabucodonosor mandou que
se fizesse uma grande imagem de ouro, no seu aspecto geral se-
melhante a que tinha sido vista em visão, salvo no que respeitava
ao material de que ia ser composta. Acostumados como estavam a
magnificentes representações de suas divindades pagãs, os caldeus
nunca dantes haviam produzido coisa mais imponente e majestosa
que esta resplendente estátua, de sessenta côvados de altura, e seis
de largura. E não é de surpreender que numa terra onde a idolatria
era culto prevalecentemente universal, a imagem bela e sem preço