Página 338 - Profetas e Reis (2007)

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Profetas e Reis
Em seu orgulho e arrogância, com um temerário senso de segu-
rança, Belsazar “deu um grande banquete a mil dos seus grandes, e
bebeu vinho na presença dos mil”.
Daniel 5:1
. Todas as atrações que
a riqueza e o poder podem proporcionar, acrescentavam esplendor à
cena. Belas mulheres com seus encantos estavam entre os hóspedes
em atendimento ao banquete real. Homens de talento e educação
estavam presentes. Príncipes e estadistas bebiam vinho como água,
e se aviltavam sob sua enlouquecedora influência.
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A razão destronada pela despudorada intoxicação, os mais baixos
impulsos e paixões agora em ascendência, o rei em pessoa tomou a
dianteira na dissoluta orgia. Ao prosseguir a festa, ele “mandou trazer
os vasos de ouro e de prata, que Nabucodonosor, [...] tinha tirado do
templo que estava em Jerusalém, para que bebessem por eles”. O rei
queria provar que nada era demasiado sagrado para que suas mãos
tocassem. “Então trouxeram os vasos de ouro [...] e beberam por
eles o rei, os seus grandes, as suas mulheres e concubinas. Beberam
o vinho, e deram louvores aos deuses de ouro, e de prata, de cobre,
de ferro, de madeira, e de pedra”.
Daniel 5:2-4
.
Mal imaginava Belsazar que havia uma Testemunha celestial
de sua grosseira idolatria; que um divino Vigia, incógnito, olhava
a cena de profanação, ouvia a sacrílega hilaridade, contemplava
a idolatria. Mas logo o Hóspede não convidado fez sentir a Sua
presença. Quando a orgia ia alta, uma pálida mão apareceu, e traçou
na parede do palácio caracteres que luziam como fogo — palavras
que, embora desconhecidas ao vasto auditório, eram um sinal de
condenação ao rei, agora ferido em sua consciência, e seus hóspedes.
Cessou a ruidosa festa, enquanto homens e mulheres, possuídos
de terror, observavam a mão traçando os misteriosos caracteres.
Perante eles passaram-se, como numa visão panorâmica, as obras
de suas vidas más; parecia-lhes estarem citados ante o tribunal do
eterno Deus, cujo poder eles acabavam de desafiar. Onde apenas
poucos momentos antes havia hilariedade e ditos blasfemos, viam-se
agora faces pálidas e exclamações de terror. Quando Deus faz os
homens temerem, eles não podem ocultar a intensidade desse terror.
Belsazar era o mais aterrorizado de todos eles. Era ele que, sobre
todos os demais, tinha sido responsável pela rebelião contra Deus,
que nessa noite alcançara o seu apogeu no domínio babilônico.
Na presença da invisível Testemunha, representante dAquele cujo