Página 339 - Profetas e Reis (2007)

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O vigia invisível
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poder tinha sido desafiado e cujo nome fora blasfemado, o rei sentiu-
se paralisado de temor. A consciência despertou. “As juntas dos
seus lombos se relaxaram, e os seus joelhos bateram um no outro.”
Belsazar se levantara impiamente contra o Deus do Céu, e tinha
confiado em seu próprio poder, não supondo que alguém ousasse
dizer: “Por que fazes isto?” Mas agora sentia que precisava prestar
contas da sua mordomia, e que por suas oportunidades malbaratadas
e desafiadora atitude não podia apresentar justificativas.
Em vão o rei procurou ler as letras de fogo. Mas ali estava um se-
gredo que ele não podia compreender e um poder que ele não podia
nem compreender e nem contestar. Em desespero ele se voltou para
os sábios do reino em busca de auxílio. Suas desvairadas exclama-
ções irromperam na assembléia, chamando os astrólogos, os caldeus,
os adivinhos, para que lhe lessem a escritura. “Qualquer que ler esta
escritura”, ele prometeu, “e me declarar a sua interpretação, será
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vestido de púrpura, e trará uma cadeira de ouro ao pescoço, e será
no reino o terceiro dominador.” Mas de nada adiantaram seus apelos
a seus acreditados conselheiros com promessas de rica recompensa.
A sabedoria celestial não pode ser comprada ou vendida. “Todos os
sábios do rei [...] não puderam ler a escritura, nem fazer saber ao rei
a sua interpretação”.
Daniel 5:6-8
. Eles não eram mais capazes de
ler os misteriosos caracteres do que tinham sido os sábios da geração
anterior de interpretar os sonhos de Nabucodonosor.
Então a rainha-mãe se lembrou de Daniel que, cerca de meio
século antes, tinha feito conhecer ao rei Nabucodonosor o sonho
da grande imagem e sua interpretação. “Ó rei, vive para sempre”
disse ela. “Não se turbem os teus pensamentos, nem se mude o teu
semblante. Há no teu reino um homem, que tem o espírito dos deu-
ses santos; e nos dias de teu pai se achou nele luz, e inteligência, e
sabedoria, como a sabedoria dos deuses; e [...] o rei Nabucodonosor
[...] o constituiu chefe dos magos, dos astrólogos, dos caldeus, e
dos adivinhadores; porquanto se achou neste Daniel um espírito
excelente, e ciência e entendimento, interpretando sonhos, e expli-
cando enigmas, e solvendo dúvidas, ao qual o rei pôs o nome de
Beltessazar. Chame-se pois agora Daniel e ele dará a interpretação.
“Então Daniel foi introduzido à presença do rei.” Fazendo um
esforço para reconquistar sua compostura, Belsazar disse ao profeta:
“És tu aquele Daniel, dos cativos de Judá, que o rei, meu pai, trouxe