O arrependimento de Salomão
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outros já fizeram. [...] Pelo que aborreci esta vida. [...] Também eu
aborreci todo o meu trabalho, em que trabalhei debaixo do Sol”.
Eclesiastes 2:4-18
.
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Por sua própria amarga experiência, Salomão conheceu o vazio
de uma vida que busca nas coisas terrenas seu mais elevado bem.
Ele construiu altares aos deuses pagãos, apenas para verificar quão
vã é sua promessa de repouso para o espírito. Pensamentos sombrios
e importunos perturbavam-no dia e noite. Não havia mais para ele
qualquer alegria de vida ou paz de mente, e o futuro se mostrava
enegrecido com desespero.
Contudo, o Senhor não o desamparou. Por mensagens de reprova-
ção e severos juízos, Ele procurou despertar o rei para a constatação
de sua conduta pecaminosa. Removeu dele Seu cuidado protetor,
e permitiu que adversários molestassem e enfraquecessem o reino.
“Levantou, pois, o Senhor a Salomão um adversário, a Hadade, o
edomeu. [...] Também Deus lhe levantou outro adversário, a Re-
zom, [...] capitão dum esquadrão, [...] porque detestava a Israel, e
reinava sobre a Síria. Até Jeroboão, [...] servo de Salomão, [...] varão
valente”, “levantou a sua mão contra o rei”.
1 Reis 11:14-28
.
Por fim o Senhor, por intermédio de um profeta, enviou a Sa-
lomão a assustadora mensagem: “Pois que houve isto em ti, que
não guardaste o Meu concerto e os Meus estatutos que te mandei,
certamente rasgarei de ti este reino, e o darei a teu servo. Todavia
nos teus dias não o farei, por amor de Davi teu pai; da mão de teu
filho o rasgarei”.
1 Reis 11:11, 12
.
Despertado como de um sonho por esta sentença de juízo pro-
nunciada contra si e sua casa, com a consciência ativada, Salomão
começou a ver sua estultícia em sua verdadeira luz. Afligido em
espírito, com a mente e corpo debilitados, ele se voltou fatigado e
sedento das rotas cisternas terrenas, para beber uma vez mais da
Fonte da vida. Para ele afinal a disciplina do sofrimento tinha reali-
zado sua obra. Longo tempo tinha ele sido perseguido pelo temor de
completa ruína, pela incapacidade de abandonar a insensatez; mas
agora discerniu na mensagem dada um raio de esperança. Deus não
o havia abandonado por completo, mas estava pronto a libertá-lo do
cativeiro mais cruel que a sepultura, e do qual não tivera poder para
se libertar a si mesmo.