A vinda de um libertador
451
Não revelara Deus desde o início o tempo exato do primeiro
advento; e mesmo quando a profecia de Daniel tornou este fato
conhecido, nem todos interpretaram corretamente a mensagem.
Séculos após séculos passaram; finalmente as vozes dos profetas
cessaram. A mão do opressor pesava sobre Israel. Como os judeus
se afastaram de Deus, a fé decaiu, e a esperança quase deixou de
iluminar o futuro. As palavras dos profetas foram incompreendidas
por muitos; e aqueles cuja fé devia ter continuado forte, prontamente
exclamaram: “Prolongar-se-ão os dias, e perecerá toda a visão?”
Ezequiel 12:22
. Mas no conselho do Céu a hora para a vinda de
Cristo tinha sido determinada; e “vindo a plenitude dos tempos,
[360]
Deus enviou o Seu Filho [...] para remir aos que estavam debaixo da
lei, a fim de recebermos a adoção de filhos”.
Gálatas 4:4, 5
.
As lições deviam ser dadas à humanidade na linguagem da hu-
manidade. O Mensageiro do concerto devia falar. Sua voz devia ser
ouvida no Seu próprio templo. Ele, o autor da verdade, devia separar
da verdade a palha do falar humano, que a tinha tornado de nenhum
efeito. Os princípios do governo de Deus e o plano da redenção
deviam ser claramente definidos. As lições do Antigo Testamento
deviam ser completamente expostas diante dos homens.
Quando o Salvador finalmente apareceu “na forma de homem”
(
Filipenses 2:7
), e começou o Seu ministério de graça, Satanás pôde
apenas ferir-Lhe o calcanhar, enquanto que pelo próprio ato de
humilhação e sofrimento Cristo estava ferindo a cabeça do Seu
adversário. A angústia que o pecado provocou, foi derramada no
seio do Imaculado; e enquanto Cristo suportava a contradição dos
pecadores contra Si, estava também pagando o débito do homem
pecador, e quebrando o cativeiro em que a humanidade havia sido
retida. Cada agonia, cada insulto, estava operando o livramento do
ser humano.
Tivesse Satanás podido induzir Cristo a Se render à mais leve
tentação, tivesse ele podido levá-Lo por um ato ou mesmo um pen-
samento a manchar Sua perfeita pureza, o príncipe das trevas teria
triunfado sobre o Penhor do homem, e teria ganho para si toda a
família humana. Mas embora Satanás pudesse angustiar, não poderia
contaminar. Ele poderia causar agonia, mas não envilecimento. Ele
tornou a vida de Cristo uma longa cena de conflito e provação; mas
em cada ataque ele perdia seu domínio sobre a humanidade.