Página 76 - Profetas e Reis (2007)

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Profetas e Reis
humilhar-se debaixo da potente mão de Deus, e começaram a refletir
em busca de alguma outra causa à qual atribuir seus sofrimentos.
Jezabel recusou inteiramente reconhecer a seca como juízo de
Jeová. Decidida em sua determinação de desafiar o Deus do Céu,
uniu-se com aproximadamente todo o Israel em denunciar Elias
como a causa de toda a sua miséria. Não havia ele dado testemunho
contra suas formas de culto? Se tão-somente ele fosse afastado do
caminho, argumentava ela, a ira de seus deuses se aplacaria, e seus
problemas teriam fim.
Instigado pela rainha, Acabe instituiu a mais diligente busca para
descobrir o lugar de esconderijo do profeta. Às nações circunvizi-
nhas, de longe e de perto, enviou mensageiros em busca do homem
que odiava, mas também temia; e em sua ansiedade por tornar a
busca tão completa quanto possível, exigia desses reinos e nações
um juramento de que nada sabiam do paradeiro do profeta. Mas
a busca fora em vão. O profeta estava a salvo da maldade do rei
cujos pecados tinham levado sobre a terra a denúncia de um Deus
ofendido.
Fracassando em seus esforços contra Elias, Jezabel determinou
vingar-se matando todos os profetas de Jeová em Israel. Nenhum
devia ser deixado vivo. A enfurecida mulher executou o seu propó-
sito no massacre de muitos servos de Deus. Nem todos, entretanto,
pereceram. Obadias, mordomo da casa de Acabe, mas fiel a Deus,
“tomou cem profetas”, e com risco da própria vida “de cinqüenta em
cinqüenta os escondeu numa cova, e os sustentou com pão e água”.
1 Reis 18:4
.
Passou o segundo ano de fome, e os céus inclementes ainda não
deram sequer sinal de chuva. A sequidão e a fome continuavam sua
devastação através do reino. Pais e mães, impotentes para aliviar os
sofrimentos de seus filhos, eram forçados a vê-los morrer. Ainda
assim o apóstata Israel recusou humilhar o coração perante Deus,
e continuou a murmurar contra o homem por cuja palavra esses
terríveis juízos haviam sido trazidos sobre eles. Pareciam incapa-
zes de discernir em seus sofrimentos e angústias um chamado ao
arrependimento — uma interposição divina para salvá-los de dar o
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passo fatal para além dos limites do perdão do Céu.
A apostasia de Israel era um mal mais tremendo que todos os
horrores multiplicados da fome. Deus estava procurando libertar o