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Atos dos Apóstolos
“porque lhes anunciava a Jesus e a ressurreição”, diziam: “parece
que é pregador de deuses estranhos”.
Atos dos Apóstolos 17:18
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Entre os que se encontraram com Paulo na praça havia “alguns
dos filósofos epicureus e estóicos”; mas esses, e todos os demais
que entraram em contato com ele, logo viram que ele tinha um co-
nhecimento superior mesmo ao deles. Sua capacidade intelectual
impunha respeito aos letrados, ao passo que seu fervoroso e lógico
raciocínio e seu poder de oratória captavam a atenção de todo o
auditório. Seus ouvintes reconheciam que ele não era nenhum apren-
diz, mas era capaz de enfrentar todas as classes com argumentos
convincentes em favor das doutrinas que ensinava. Assim, o apóstolo
permaneceu invicto, enfrentando seus opositores no próprio terreno
deles, contrapondo lógica a lógica, filosofia a filosofia, eloqüência a
eloqüência.
Seus oponentes pagãos chamavam-lhe a atenção para o fim de
Sócrates, que, por ser pregador de deuses estranhos, tinha sido con-
denado à morte; e aconselhavam Paulo a não pôr sua vida em perigo
enveredando pelo mesmo caminho. Mas os discursos do apóstolo
cativavam a atenção do povo, e sua sabedoria sem afetação impunha-
lhes admiração e respeito. Ele não foi posto em silêncio pela Ciência
nem pela ironia dos filósofos; e convencendo-se de que ele estava
disposto a concluir sua missão entre eles, e, apesar dos riscos, a
contar sua história, decidiram ouvi-lo com boa disposição.
Portanto, conduziram-no ao Areópago. Esse era um dos locais
mais sagrados de Atenas, e suas evocações e reminiscências eram
tais que o faziam ser considerado com uma supersticiosa reverência
que, na mente de alguns, chegava ao terror. Era nesse local que os
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assuntos relacionados com a religião eram muitas vezes considera-
dos cuidadosamente por homens que atuavam como juízes finais em
todas as questões mais importantes, tanto morais como civis.
Ali, afastado do ruído e agitação das ruas apinhadas e do tumulto
da discussão promíscua, o apóstolo podia ser ouvido sem interrupção.
Ao seu redor reuniram-se poetas, artistas, e filósofos — intelectuais
e sábios de Atenas, que a ele assim se dirigiram: “Poderemos nós
saber que nova doutrina é essa de que falas? Pois coisas estranhas
nos trazes aos ouvidos; queremos pois saber o que vem a ser isto”.
Atos dos Apóstolos 17:19, 20
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