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Atos dos Apóstolos
“Pegando de Paulo, o arrastaram para fora do templo, e logo as
portas se fecharam”
“E, procurando eles matá-lo, chegou ao tribuno da coorte o aviso
de que Jerusalém estava toda em confusão” Cláudio Lísias bem
conhecia os elementos turbulentos com quem tinha de tratar, e,
“tomando logo consigo soldados e centuriões, correu para eles. E,
quando viram o tribuno e os soldados, cessaram de ferir a Paulo”
Ignorando a causa do tumulto, mas vendo que a raiva da multidão se
dirigia contra Paulo, o tribuno romano concluiu que ele deveria ser
um certo egípcio rebelde de quem ouvira falar e que até aí conseguira
escapar de ser capturado. Portanto, ele “o prendeu e o mandou atar
com duas cadeias, e lhe perguntou quem era e o que tinha feito” De
pronto, muitas vozes se levantaram em altas e raivosas acusações:
“uns clamavam duma maneira, outros doutra; mas, como nada podia
saber ao certo, por causa do alvoroço, mandou conduzi-lo para a
fortaleza. E sucedeu que, chegando às escadas, os soldados tiveram
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de lhe pegar por causa da violência da multidão. Porque a multidão
do povo o seguia, clamando: Mata-o”
No meio do tumulto, o apóstolo estava calmo e senhor de si. Seu
pensamento permanecia em Deus, e sabia que anjos do Céu estavam
ao redor dele. Sentia-se indisposto a afastar-se do templo sem fa-
zer qualquer esforço por apresentar a verdade a seus compatriotas.
Quando estava para ser conduzido à fortaleza, disse ao tribuno: “É
me permitido dizer-te alguma coisa?” Lísias respondeu: “Sabes o
grego? Não és tu porventura aquele egípcio que antes destes dias
fez uma sedição e levou ao deserto quatro mil salteadores?” Em res-
posta disse Paulo: “Na verdade que sou um homem judeu, cidadão
de Tarso, cidade não pouco célebre na Cilícia; rogo-te, porém, que
me permitas falar ao povo”
O pedido foi satisfeito, e “Paulo, pondo-se em pé nas escadas, fez
sinal com a mão ao povo” O gesto atraiu a atenção deles, enquanto o
seu porte impunha respeito. “E, feito grande silêncio, falou-lhes em
língua hebraica, dizendo: Varões irmãos e pais, ouvi agora a minha
defesa perante vós” Ao soarem as familiares palavras hebraicas,
“maior silêncio guardaram” (
Atos dos Apóstolos 21:30-40
); e no
completo silêncio ele continuou:
“Eu sou judeu, nasci em Tarso da Cilícia, mas criei-me nesta
cidade e aqui fui instruído aos pés de Gamaliel, segundo a exatidão