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Atos dos Apóstolos
como a única fonte de vida e esperança para o homem caído. Santos
homens do passado foram salvos pela fé no sangue de Cristo. Ao
contemplarem as agonias de morte das vítimas sacrificais, olhavam
através dos séculos para o Cordeiro de Deus que devia tirar o pecado
do mundo.
Deus, com justiça, reclama o amor e obediência de todas as
Suas criaturas. Deu-lhes em Sua lei uma perfeita norma de retidão.
Muitos, porém, se esquecem de seu Criador, e escolhem seguir seus
próprios caminhos, em oposição à vontade de Deus. Pagam com
inimizade o amor que é tão alto quanto o Céu e tão amplo quanto
o Universo. Deus não pode baixar os reclamos de Sua lei a fim de
corresponder à norma de homens ímpios; nem pode o homem em
sua própria capacidade, cumprir as exigências da lei. Só pela fé em
Cristo pode o pecador ser purificado da culpa e capacitado a prestar
obediência à lei de seu Criador.
Assim Paulo, o prisioneiro, apresentou as exigências da lei di-
vina tanto para judeus como para gentios, e apresentou a Jesus, o
desprezado Nazareno, como o Filho de Deus, e Redentor do mundo.
A princesa judia bem compreendia o sagrado caráter daquela
lei que tão desavergonhadamente transgredia; mas seu preconceito
contra o Homem do Calvário endureceu-lhe o coração contra a pa-
lavra de vida. Mas Félix nunca ouvira antes a verdade; e à medida
que o Espírito de Deus lhe imprimia convicção à alma, sentia-se
profundamente agitado. A consciência, agora desperta, fez ouvir sua
voz; e Félix sentiu que as palavras de Paulo eram verdadeiras. Sua
memória retornou ao culposo passado. Com terrível clareza surgi-
ram perante ele os segredos de seus primeiros tempos de homem
sanguinário e perverso, e o relatório tenebroso de seus últimos anos.
Viu-se licencioso, cruel, desonesto. Jamais tinha sido a verdade as-
sim levada ao íntimo de seu coração. Nunca antes seu coração se
enchera de terror. O pensamento de que todos os segredos de sua
carreira de crimes estavam abertos aos olhos de Deus, e que ele seria
julgado conforme as suas obras fê-lo tremer de pavor.
Mas em vez de permitir que suas convicções o guiassem ao
arrependimento, procurou livrar-se dessas reflexões indesejáveis. A
entrevista com Paulo foi abreviada. “Por agora vai-te”, disse; “e em
tendo oportunidade te chamarei”
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