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              Atos dos Apóstolos
            
            
              Os viajantes chegaram, afinal, à praça de Ápio, sessenta e quatro
            
            
              quilômetros distante de Roma. Enquanto abriam caminho entre a
            
            
              multidão que transitava na grande via, o encanecido ancião, acorren-
            
            
              tado com um grupo de criminosos mal-encarados, recebeu muitos
            
            
              olhares de zombaria, tornando-se objeto de muito gracejo rude e
            
            
              escarnecedor.
            
            
              De súbito ouviu-se um grito de alegria e um homem se desta-
            
            
              cou da turba que passava, e lançou-se ao pescoço do prisioneiro,
            
            
              abraçando-o e chorando de alegria, como um filho que saudasse o pai
            
            
              por muito tempo ausente. A cena se repetiu muitas vezes à medida
            
            
              que, com a vista aguçada por expectante amor, muitos reconheceram
            
            
              [252]
            
            
              no preso acorrentado aquele que, em Corinto, Filipos e Éfeso, lhes
            
            
              havia pregado as palavras da vida.
            
            
              Os amantes discípulos ansiosamente afluíram ao redor de seu
            
            
              pai no evangelho, obrigando todo o cortejo a parar. Os soldados
            
            
              impacientaram-se com a demora, mas não tiveram coragem de inter-
            
            
              romper essa feliz reunião; pois também eles aprenderam a respeitar
            
            
              e estimar seu prisioneiro. Nessa face macerada e batida pela dor, os
            
            
              discípulos viam refletida a imagem de Cristo. Asseguraram a Paulo
            
            
              que nunca o esqueceram nem deixaram de amá-lo; que lhe eram
            
            
              devedores pela feliz esperança que lhes animava a vida, e dava-lhes
            
            
              paz para com Deus. Na grandeza de seu amor o levariam nos ombros
            
            
              todo o caminho até a cidade, fosse-lhes dado esse privilégio.
            
            
              Poucos consideram o significado das palavras de Lucas, quando
            
            
              diz que Paulo, vendo seus irmãos “deu graças a Deus e tomou
            
            
              ânimo”.
            
            
              Atos dos Apóstolos 28:15
            
            
              . No meio do simpatizante e
            
            
              lacrimoso grupo de crentes, os quais não se envergonhavam de suas
            
            
              cadeias, o apóstolo louvou a Deus em voz alta. A nuvem de tristeza
            
            
              que estava sobre seu espírito se dissipara. Sua vida cristã tinha sido
            
            
              uma sucessão de sofrimentos, desapontamentos e provações, mas
            
            
              nesse momento ele se sentia abundantemente recompensado. Com
            
            
              passos mais firmes e o coração repleto de alegria, ele continuou
            
            
              seu caminho. Não podia queixar-se do passado nem temer o futuro.
            
            
              Cadeias e aflições o esperavam, isso ele sabia; mas sabia também
            
            
              que lhe coubera libertar as pessoas de um cativeiro infinitamente
            
            
              mais terrível, e se rejubilava em seus sofrimentos por amor de Cristo.
            
            
              Em Roma, o centurião Júlio entregou seus prisioneiros ao co-
            
            
              mandante da guarda imperial. A boa referência que deu de Paulo,