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Atos dos Apóstolos
relatou-lhes sua experiência, e apresentou argumentos das Escrituras
do Antigo Testamento com simplicidade, sinceridade e poder.
O apóstolo mostrou que a religião não consiste em ritos e ce-
rimônias, credos e teorias. Se assim fosse, o homem natural poderia
entendê-la pela pesquisa, como entende as coisas do mundo. Paulo
ensinou que a religião é uma coisa prática, uma energia salvadora,
um princípio inteiramente de Deus, uma experiência pessoal do
poder renovador de Deus sobre o coração.
Mostrou como Moisés tinha apontado Cristo a Israel como o pro-
feta a quem deviam ouvir; como todos os profetas haviam testificado
dEle como o grande remédio de Deus para o pecado, o inocente que
devia levar os pecados do culpado. Paulo não censurou sua observân-
cia de formas e cerimônias, mas mostrou que, enquanto mantinham
o ritual com grande exatidão, estavam rejeitando a Cristo, que era o
antítipo de todo aquele sistema.
Paulo declarou que, antes da conversão, tinha conhecido a Cristo,
não por contato pessoal, mas simplesmente pela concepção que, em
comum com outros, tinha nutrido concernente ao caráter e obra do
Messias por vir. Tinha rejeitado a Jesus de Nazaré, considerando-O
impostor porque Ele não preenchia essa concepção. Finalmente,
a visão que passara a ter de Cristo e Sua missão era muito mais
espiritual e exaltada; pois tinha sido convertido. O apóstolo afirmou
que não lhes apresentava a Cristo segundo a carne. Herodes tinha
visto a Cristo nos dias de Sua humanidade; vira-O Anás; Pilatos,
os sacerdotes e príncipes tinham-nO visto; viram-nO os soldados
romanos. Mas não O haviam visto com os olhos da fé; não O tinham
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visto como o Redentor glorificado. Receber a Cristo pela fé, ter dEle
um conhecimento espiritual era mais para desejar que um contato
pessoal com Ele como apareceu na Terra. A comunhão com Cristo
na qual Paulo agora se rejubilava era mais íntima, mais duradoura
que um mero e humano companheirismo terrestre.
Ao falar Paulo do que sabia e testificar do que vira, concernente
a Jesus de Nazaré como a esperança de Israel, os que honestamente
estavam procurando a verdade foram convencidos. Em alguns es-
píritos, pelo menos, suas palavras produziram uma impressão que
jamais se apagou. Mas outros se recusaram obstinadamente a aceitar
o claro testemunho das Escrituras, mesmo quando apresentado a eles
por alguém que tinha especial iluminação do Espírito Santo. Eles