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O Desejado de Todas as Nações
que pasmarás, e pelo que verás com os teus olhos”.
Deuteronômio
28:65-67
. Os próprios pensamentos do pecador são seus acusado-
res; e não pode haver mais penetrante tortura que os aguilhões da
consciência culpada, que não lhe dá repouso nem de dia nem de
noite.
Para muitos espíritos, um profundo mistério envolve a sorte
de João Batista. Indagam porque teria sido deixado a definhar-se
e perecer na prisão. O mistério dessa escura providência, nossa
visão humana não pode penetrar; não poderá, no entanto, nunca
abalar nossa confiança em Deus, quando nos lembramos de que João
nada mais foi do que um participante dos sofrimentos de Cristo.
Todos quantos O seguem hão de cingir a coroa do sacrifício. Serão
indubitavelmente malcompreendidos pelos egoístas, e se tornarão
alvo dos ferozes assaltos de Satanás. Esse princípio de abnegação
é que seu reino se propôs destruir, e guerreá-lo-á onde quer que se
manifeste.
A infância, juventude e idade adulta de João caracterizam-se
pela firmeza e poder moral. Quando sua voz se fizera ouvir no de-
serto, dizendo: “Preparai o caminho do Senhor, endireitai as Suas
veredas” (
Mateus 3:3
), Satanás temeu pela segurança de seu reino. A
culpabilidade do pecado era revelada de tal maneira, que os homens
tremiam. Foi despedaçado o poder de Satanás sobre muitos que
lhe haviam estado sob o controle. Ele fora incansável em procurar
afastar o Batista de uma vida de incondicional submissão a Deus;
fracassara, porém. E fracassara igualmente quanto a Jesus. Na tenta-
ção do deserto, Satanás fora derrotado, e grande havia sido seu furor.
Decidira agora causar dor a Cristo, ferindo a João. Àquele a quem
não conseguia instigar ao pecado, havia de causar sofrimento.
Jesus não Se interpôs para livrar Seu servo. Sabia que João havia
de suportar a prova. De boa vontade teria o Salvador ido ter com
João, para, com Sua presença, aclarar-lhe as sombras do cárcere.
Mas não Se devia colocar nas mãos dos inimigos e pôr em perigo
Sua própria missão. Com prazer teria libertado Seu fiel servo. Mas
por amor de milhares que haveriam em anos posteriores, de passar
da prisão para a morte, João devia beber o cálice do martírio. Ao
haverem os seguidores de Jesus de definhar em solitárias celas, ou
perecer pela espada, e pela tortura, ou na fogueira, aparentemente
abandonados de Deus e do homem, que esteio não lhes seria ao