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O Desejado de Todas as Nações
mento de Si mesmo, um terno amor e, corações voltados para Ele,
exclamam: “Senhor, salva-nos, que perecemos.”
Nunca soltou uma alma aquele brado em vão. Ao empunharem
os discípulos os remos, tentando um último esforço, ergue-Se Jesus.
Está em meio dos discípulos, enquanto a tempestade ruge, as ondas
rebentam por sobre eles, e o relâmpago vem iluminar-Lhe o sem-
blante. Ergue a mão, tantas vezes ocupada em atos de misericórdia,
e diz ao irado mar: “Cala-te, aquieta-te”.
Marcos 4:39
.
Cessa a tormenta. As ondas entram em repouso. As nuvens
dispersam-se, e brilham as estrelas. O barco descansa sobre o mar
sereno. Volvendo-se então para os discípulos, Jesus pergunta, mago-
ado: “Por que sois tão tímidos? Ainda não tendes fé?”
Os discípulos emudeceram. Nem mesmo Pedro tentou exprimir o
assombro que lhe enchia o coração. Os barcos que partiram seguindo
a Jesus, achavam-se no mesmo perigo que o dos discípulos. Terror
e desespero apoderem-se dos tripulantes; a ordem de Jesus, porém,
trouxera sossego à cena de tumulto. A fúria da tempestade levara
os barcos a mais próxima vizinhança, e todos os que havia a bordo
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testemunharam o milagre. Na paz que se seguiu, foi esquecido o
temor. O povo segredava entre si: “Que Homem é este, que até os
ventos e o mar Lhe obedecem?”
Quando Jesus foi despertado para enfrentar a tempestade, estava
em perfeita paz. Nenhum indício de temor na fisionomia ou olhar,
pois receio algum havia em Seu coração. Contudo, não era na posse
da força onipotente que Ele descansava. Não era como o “Senhor
da Terra, do mar e do Céu” que repousava em sossego. Esse poder,
depusera-o Ele, e diz: “Eu não posso de Mim mesmo fazer coisa
alguma”.
João 5:30
. Confiava no poder de Seu Pai. Foi pela fé —
no amor e cuidado de Deus — que Jesus repousou, e o poder que
impôs silêncio à tempestade, foi o poder de Deus.
Como Jesus descansou pela fé no cuidado do Pai, assim de-
vemos repousar no de nosso Salvador. Houvessem os discípulos
confiado nEle, e ter-se-iam conservado calmos. Seu temor, no tempo
do perigo, revelava-lhes a incredulidade. Em seu esforço para se
salvarem, esqueceram a Jesus; e foi apenas quando, desesperando
de si mesmos, se voltaram para Ele, que os pôde socorrer.
Quantas vezes se repete em nós a experiência dos discípulos
Quando as tempestades das tentações se levantam, e fuzilam os