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O Desejado de Todas as Nações
não comprar pão de um fariseu ou saduceu. Sua falta de fé e de visão
espiritual levaram-nos, muitas vezes, a semelhante má compreensão
de Suas palavras. Então Jesus os reprovou por pensarem que Aquele
que alimentara milhares com uns poucos peixes e pães de cevada,
poderia, naquela solene advertência, referir-Se meramente à comida
temporal. Havia perigo de que o astuto raciocínio dos fariseus e
saduceus levedasse os discípulos com incredulidade, levando-os a
considerar levianamente as obras de Cristo.
Os discípulos pensavam que o Mestre devia ter atendido ao pe-
dido de um sinal do céu. Acreditavam que Ele era plenamente capaz
de o fazer, e que um sinal assim reduziria a silêncio os inimigos.
Não discerniam a hipocrisia desses fingidos.
Meses mais tarde, “ajuntando-se [...] muitos milhares de pes-
soas, de sorte que se atropelavam uns aos outros”, Jesus repetiu
o mesmo ensino. “Começou a dizer aos discípulos: Acautelai-vos
primeiramente do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia”.
Lucas
12:1
.
O fermento posto na farinha opera imperceptivelmente, mudando
toda a massa, segundo sua natureza. Assim, se à hipocrisia se permi-
tir lugar no coração, penetra o caráter e a vida. Um exemplo frisante
da hipocrisia dos fariseus, Cristo já censurara condenando o cos-
tume do “Corbã”, pelo qual a negligência do dever filial se ocultava
sob uma pretensa liberalidade para com o templo. Os escribas e
fariseus estavam insinuando princípios enganadores. Disfarçavam a
verdadeira tendência de suas doutrinas, e aproveitavam toda ocasião
de as instilar artificiosamente no espírito dos ouvintes. Esses falsos
princípios, uma vez aceitos, operavam como fermento na massa, nela
penetrando e transformando-lhe o caráter. Era esse ensino enganoso
que tornava tão difícil ao povo o receber as palavras de Cristo.
As mesmas influências estão operando hoje em dia mediante
os que buscam explicar de tal modo a lei de Deus, que a fazem
conformar-se com suas práticas. Esta classe não ataca abertamente
a lei, mas expõe teorias especulativas que lhe minam os princípios.
Explicam-na de maneira a lhe destruir a força.
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A hipocrisia dos fariseus era o produto do egoísmo. A glorifi-
cação deles próprios, eis o objetivo de sua vida. Era isso que os
levava a perverter e aplicar mal as Escrituras, e os cegava ao desíg-
nio da missão de Cristo. Esse mal sutil, os próprios discípulos de