Os sacerdotes tramam
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outros homens influentes que criam em Jesus, mas sua influência
não prevaleceu absolutamente contra os malignos fariseus.
Todavia, os membros do conselho não estavam todos de acordo.
O Sinédrio não era, por esse tempo, uma assembléia legal. Exis-
tia apenas por tolerância. Alguns dentre eles punham em dúvida a
conveniência da condenação de Cristo à morte. Temiam que isso
despertasse uma insurreição entre o povo, fazendo com que os ro-
manos negassem posteriormente certos favores ao sacerdócio e lhes
retirassem o poder que ainda mantinham. Os saduceus uniam-se no
ódio contra Jesus; todavia, inclinavam-se à prudência nos passos a
dar, temendo que os romanos os privassem de sua elevada posição.
Nesse conselho, reunido para planejar a morte de Cristo, achava-
Se presente a Testemunha que ouvira as jactanciosas palavras de
Nabucodonosor, que testemunhara o idólatra festim de Belsazar, que
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presenciara, em Nazaré, a declaração de Cristo, de ser o Ungido.
Essa Testemunha impressionava então os príncipes quanto à obra que
estavam realizando. Acontecimentos da vida de Cristo ergueram-
se diante deles com uma nitidez que os alarmou. Lembraram-se
da cena do templo, quando Jesus, então criança de doze anos, Se
achava perante os instruídos doutores da lei, fazendo-lhes perguntas
à vista das quais ficavam admirados. O milagre ora realizado dava
testemunho de que Jesus, não era senão o Filho de Deus. Qual
relâmpago, surgiram-lhes no espírito, em seu verdadeiro significado,
as Escrituras do Antigo Testamento com relação a Cristo. Perplexos
e turbados, indagaram os príncipes: “Que faremos?” Houve divisão
no concílio. Sob a impressão do Espírito Santo, os sacerdotes e
príncipes não puderam banir a convicção de estar combatendo contra
Deus.
Ao achar-se o concílio no auge da perplexidade, ergueu-se Cai-
fás, o sumo sacerdote. Caifás era homem orgulhoso e cruel, domi-
nador e intolerante. Havia entre suas ligações de famílias, saduceus
orgulhosos, ousados, resolutos, cheios de ambição e crueldade, o
que ocultavam sob o manto de pretendida justiça. Caifás estudara as
profecias, e conquanto ignorante de sua real significação, declarou
com grande segurança e autoridade: “Vós nada sabeis, nem con-
siderais que nos convém que um homem morra pelo povo, e que
não pereça toda a nação”.
João 11:49, 50
. Ainda que Jesus fosse
inocente, insistia o sumo sacerdote, devia ser afastado do caminho.