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O Desejado de Todas as Nações
Ele era perturbador, arrastando o povo após Si e diminuindo a au-
toridade dos principais. Era apenas um; melhor seria morrer Ele
que enfraquecer-se a autoridade dos príncipes. Se o povo perdesse a
confiança em seus chefes, estaria destruído o poder nacional. Cai-
fás argumentava que, depois desse milagre, os seguidores de Cristo
seriam capazes de revoltar-se. Virão então os romanos, disse ele, e
fecharão nosso templo e abolirão nossas leis, destruindo-nos como
nação. Que vale a vida desse galileu, quando comparada com a do
povo? Se Ele é um obstáculo ao bem-estar de Israel, não é prestar a
Deus um serviço, removê-Lo daí? É melhor que um homem pereça,
do que ser destruída toda a nação.
Declarando que um homem devia morrer pelo povo, mostrava
Caifás certo conhecimento das profecias, se bem que muito limi-
tado. João, porém, ao narrar esta cena, toma a profecia, apresentando
seu vasto e profundo significado. Diz: “E não somente pela nação,
mas também para reunir em um corpo os filhos de Deus, que anda-
vam dispersos”.
João 11:52
. Quão cegamente reconhecia o soberbo
Caifás a missão do Salvador!
Nos lábios de Caifás, tornava-se mentira essa preciosíssima ver-
dade. A política por ele defendida baseava-se num princípio tomado
emprestado ao paganismo. Entre os gentios, a vaga consciência de
que alguém devia morrer pela humanidade, levara à oferta de sacri-
fícios humanos. Assim propunha Caifás, pelo sacrifício de Cristo,
salvar o povo culpado, não da transgressão, mas na transgressão,
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a fim de que pudessem continuar em pecado. E por seu raciocínio
pensava reduzir ao silêncio os que ousavam dizer que até então coisa
alguma digna de morte se achara em Jesus.
Nesse conselho experimentaram os inimigos de Cristo profunda
convicção. O Espírito Santo lhes impressionara a mente. Mas Sata-
nás esforçou-se por conquistar o domínio sobre ela. Insistiu em lhes
pôr diante as ofensas que haviam sofrido por causa de Cristo. Quão
pouco honrara Ele sua justiça! Apresentava uma justiça incompara-
velmente superior, a qual deviam possuir todos quantos quisessem
ser filhos de Deus. Sem dar nenhuma atenção a suas formalidades e
cerimônias, animara o pecador a dirigir-se diretamente a Deus como
a um misericordioso Pai, e a falar-Lhe de suas necessidades. Assim,
na opinião deles, Jesus pusera à margem o sacerdócio. Recusara-Se a
reconhecer a teologia das escolas dos rabis. Expusera as más práticas