Página 495 - O Desejado de Todas as Na

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O banquete em casa de Simão
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Foi, porém, a ignorância de Simão acerca de Deus e de Cristo que
o levou a assim pensar. Não compreendeu que o Filho de Deus deve
agir à maneira divina, compassiva, terna e misericordiosamente. A
maneira de Simão era não fazer caso do penitente serviço de Maria.
Seu ato de beijar os pés de Cristo e ungir-Lhos com o ungüento foi
exasperante para seu coração endurecido. Pensou que se Cristo fosse
profeta, reconheceria os pecadores e os repreenderia.
A esse inexpresso pensamento, respondeu o Salvador: “Simão,
uma coisa tenho a dizer-te. [...] Um certo credor tinha dois devedores;
um devia-lhe quinhentos dinheiros, e outro cinqüenta. E, não tendo
ele com que pagar, perdoou-lhes a ambos. Dize pois: qual deles o
amará mais? E Simão, respondendo, disse: Tenho para mim que é
aquele a quem mais perdoou. E Ele lhe disse: Julgaste bem”.
Lucas
7:40-43
.
Como fizera Natã com Davi, Cristo ocultou Seu bem atirado
golpe sob o véu de uma parábola. Lançou sobre o hospedeiro a
responsabilidade de proferir a própria sentença. Simão induzira ao
pecado a mulher que ora desprezava. Fora por ele profundamente
prejudicada. Pelos dois devedores da parábola, eram representados
Simão e a mulher. Jesus não intentava ensinar que diferentes graus
de obrigação houvessem de ser sentidos pelas duas pessoas, pois
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cada uma tinha um débito de gratidão que nunca se poderia solver.
Mas Simão se julgava mais justo que Maria, e Jesus desejava fazer-
lhe ver quão grande era na verdade a sua culpa. Queria mostrar-lhe
que seu pecado era maior que o dela, tão maior, como um débito de
quinhentos dinheiros é superior a uma dívida de cinqüenta.
Simão começou então a ver-se sob um novo aspecto. Observou
como Maria era considerada por Alguém que era mais que profeta.
Notou que, com o penetrante olhar profético, Cristo lhe lera o amo-
rável e devotado coração. A vergonha apoderou-se dele, e percebeu
achar-se em presença de Alguém que lhe era superior.
“Entrei em tua casa”, continuou Cristo, “e não Me deste água
para os pés”; mas com lágrimas de arrependimento originadas no
amor, Maria lavou-Me os pés e enxugou-os com os próprios cabe-
los. “Não Me deste ósculo, mas esta mulher” a quem tu desprezas,
“desde que entrou, não tem cessado de Me beijar os pés”.
Lucas
7:44, 45
. Cristo contava as oportunidades que Simão tivera de mani-
festar seu amor pelo Senhor, e o apreço pelo que fora feito por ele.